Há já alguns anos que o autor não publicava um livro, mas lembrava-me de ter lido um ou dois e até ter gostado do tom com que ele abordava uma das minhas épocas favoritas em Portugal - o tempo da ditadura de Salazar. Este novo livro trazia a promessa de uma abordagem interessante, a das enfermeiras-paraquedistas, e por essa razão embarquei na leitura.
Foi uma leitura relativamente leve, já que, apesar do tema - o início da Guerra do Ultramar - o autor não entrou em grandes detalhes, e focou-se mais na história de amor entre uma enfermeira-paraquedista e o fotógrafo de Salazar.
Fiquei com pena, pois esperava um pouco de mais desenvolvimento, em especial, sobre a história das enfermeiras-paraquedistas. Nem um salto de paraquedas vem mencionado no livro! No entanto, gostei dos relatos da sua atuação na guerra, e das dificuldades que tiveram de superar por serem mulheres, nomeadamente as atitudes misóginas por parte do típico homem português daquela altura.
Uma das personagens principais, Catarina, uma jovem de boas famílias, cujo futuro estava já decidido e delineado pelo seu pai, foi uma verdadeira lufada de ar fresco. Uma mulher bem à frente do seu tempo, que me deixou bastante surpreendida. Quase não parecia portuguesa! Graças a Deus por mulheres assim que desbravaram os caminhos para as que se seguiram.
As restantes personagens do livro soaram-me muito fidedignas, o pide Cardoso Aranha, a vedeta cançonetista da época José Oliveira e o seu agente, todos retratos bem estudados desta época. Gostei especialmente do fotógrafo António, com as suas dúvidas e indagações, que conhecia um pouco melhor Salazar, o homem, que os restantes comuns dos mortais.
Foi uma boa leitura, apesar de me ter ficado a saber a pouco.
Podem ler a sinopse ou mesmo adquirir o livro aqui.
