"Álbum de Verão" de Emylia Hall


Quem não tem belas recordações sobre as suas férias de verão quando criança ou jovem adolescente? 
Quem não se lembra daqueles recantos onde nos escondíamos do mundo e que significavam o mundo para nós? 
Pequenos riachos, carreiros perdidos, o cheiro a fruta, a brisa morna no rosto e o sabor inconfundível a férias numa uva roubada da videira no caminho… 
Que saudades desses tempos de menina em que as maiores preocupações era encontrar aquela ninhada de gatos recém nascidos ou atravessar a ribeira sem cair.
Este livro, “Álbum de Verão” trouxe-me à memória toda a magia dessas férias longínquas numa terra que não sendo minha, o era de coração.

Era assim que se sentia Beth. Estranha num país onde na realidade até pertencia. Filha de pais separados, mãe húngara, pai inglês, a pequena Beth teve a oportunidade de passar algumas semanas por ano num país onde tudo era diferente, até mesmo ela.
Mas algo aconteceu nesse último verão que a fez voltar as costas à Hungria, à mãe e até à sua infância.
«Uma grande mentira leva tudo com ela. Não existem sobreviventes entre os destroços.» (p.272)
E Beth deixou de ser Erzsébet. Até ao dia em que, anos mais tarde, recebe uma encomenda e tudo regressa ao seu coração. 

Escrito de uma forma absolutamente maravilhosa, este “Álbum de Verão” é sem dúvida uma das minhas melhores leituras deste ano. À medida que a narrativa vai avançando Emylia Hall consegue imprimir em cada capítulo as emoções de uma criança, depois adolescente e mais tarde jovem adulta. Esta escrita fluida e ao mesmo tempo consistente que acompanha o tempo que passa é quase poética, e cheia de significado. Enreda-se à nossa volta como uma hera, e vai-nos apertando à medida que as coisas acontecem.
É realmente um livro lindíssimo que vos aconselho a não perder.

Para terem uma pequena ideia do que falo aqui fica um excerto:

«Há quem diga que a memória traz a vida após a morte. Talvez haja um fundo de verdade nisso mas apenas se nos contentarmos em saborear as nossas recordações a uma distância suave, como lampejos fugazes ou faíscas ocasionais. Se formos gananciosos e desesperados, se desejarmos em demasia, se tentarmos agarrá-las, que acontece então? Desaparecem tão rapidamente de vista que ficamos a pensar se teriam sequer existido. Talvez o truque seja encontrar uma utilidade benigna para a memória. Aprender a guardar os pequenos e gloriosos momentos nas mãos e acarinhá-los, encontrando deste modo uma certa consolação. Caso contrário, não fazem mais do que lembrar-nos que chegámos demasiado tarde. Que aquilo que se perdeu está perdido para sempre.» p.279

Para mais informações sobre este livro podem espreitar aqui ou visitar o site da Civilização.
Em www.bertrand.pt

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