Opinião: "Reencontro no Céu" de Mitch Albom

Aqui está um autor de outros tempos. E querem saber? Já tinha lido há alguns anos. Não me lembrava de absolutamente nada, pelo que, como alteraram o título, comecei a lê-lo. Só depois, após já ter lido algumas páginas é que comecei a reconhecer a história. Mas, vá, como ia lançada, continuei.

E o engraçado é perceber o quanto mudamos ao longo dos anos. Uma leitura que em 2009 me enterneceu, agora não fez absolutamente nada. Pura fantasia, foi ao que me soou. Uma história de acasos e circunstâncias infelizes que tentam levar o leitor a pensar na vida e no que será a vida após a morte. Já não tenho paciência para este género de livros. 

Mas lá está, para quem se encontra no limbo de não saber o que sente em relação a este assunto, é uma boa história e até está bem escrita.



Opinião: "Turno da Noite" de Robin Cook

Nunca tinha lido um livro deste autor. Foi o primeiro. E que bem vindo foi! Tendo acabado de ler um livro emocialmente pesado, soube-me muito bem ler um policial leve, com uma ação extremamente rápida e bastante cativante.  Um verdadeiro "page-turner" como se diz na gíria.

Após explorar um pouco as obras de Robin Cook apercebi-me que reconhecia alguns nomes. É um daqueles autores que já andam cá há algum tempo. O seu primeiro livro de sucesso aconteceu em 1977, e quer acreditem ou não, este que agora li ele escreveu-o recentemente, em 2022, com 82 anos.

Sendo um médico que decidiu enveredar pela carreira literária, não é de admirar que tenha sido o responsável por introduzir o termo médico nos géneros literários, combinando ficção com fatos médicos. E realmente, este Turno da Noite não é exceção. O ambiente onde se desenrola a ação é hospitalar, e a personagem principal um médico legista.

Este livro já é o 13.º de uma série de thrillers, mas acreditem, li-o sem problemas nenhuns, como se fosse uma história isolada. A velocidade da ação é impressionante, e os acontecimentos sucedem-se convidando o leitor a continuar a leitura sem a interromper. Confesso que quando um livro me envolve assim, e "vejo" o filme na minha cabeça, não há nada para perceber. Um autor quando é bom, é bom. Aposto que hei-de ler mais livros de Robin Cook!

Opinião: "A Senhora Tan e a Aliança de Mulheres" de Lisa See

Que história extraordinária! Um livro absolutamente maravilhoso. Segue de imediato para o meu Top 3 de 2024!

Este romance histórico foi inspirado na história real de uma "médica" que viveu na China do séc. XIX, Tan Yunxian. Convido-vos a visitar o site da autora deste livro, Lisa See, que criou um mini-site sobre este outro mundo descrito nas páginas de "A Senhora Tan e a Aliança de Mulheres":

https://lisasee.com/step-inside/lady-tans-circle-of-women/

Aqui poderão encontrar mais informações sobre a personagem principal do livro, sobre a própria medicina chinesa e sobre a Dinastia Ming, época em que se desenrola a ação. Podem igualmente espreitar fotografias sobre locais que foram incluídos na história, ou pura e simplesmente espreitar a vasta bibliografia que a autora utilizou para escrever este livro.

Pessoalmente, fiquei fascinada com esta história, com esta mulher e a sua avó, também ela uma das primeiras médicas na China. Adorei o enquadramento, e aprendi imenso sobre a cultura e costumes daquela época, que na verdade não era muito favoráveis ao sexo feminino.

Simplesmente apaixonei-me por este livro. Foi uma leitura tão inspiradora e maravilhosa, que o recomendei a todas as leitoras que conheço. 

Li em 2010 um outro livro desta autora de que também gostei imenso (O Leque Secreto), mas que não chega aos calcanhares deste.

"A Senhora Tan e a Aliança de Mulheres" é um livro extraordinário, que todas as mulheres deveriam ler. Perceber como foi e é difícil conquistar o nosso lugar no mundo, e conhecer a história de mais uma Mulher que lutou para que hoje tenhamos mais algumas vitórias do nosso lado.

Recomendo.

Opinião: "Quando as Montanhas Cantam" de Nguyen Phan Qué Mai

Recentemente li um livro que falava sobre a Guerra do Vietnam, nomeadamente sobre a participação das mulheres norte americanas no esforço de guerra, que, não tendo chegado a combater, serviram como médicas e enfermeiras, estando muitas vezes em primeiro plano perante situações de combate.

Por isso mesmo foi interessante ler este "Quando as Montanhas Cantam" porque foi como passar a margem para o outro lado e aperceber-me de como foi a vida daquele povo vietnamita que, sem querer, se viram envolvidos num conflito que não era seu.

Este é sem dúvida um livro maravilhoso. Brutal, mas maravilhoso. 

É a história de uma família, os Trần, que atravessa várias gerações. Inicia-se em na primeira metade do século XX, quando uma jovem mãe, Trần Diệu Lan, foi forçada a abandonar a casa da família, com os seus 6 filhos, por causa da Grande Reforma Agrária, levada a cabo com o apoio do governo comunista que se erguia com força no norte do país.

Anos mais tarde, é a sua neta Hương que se vê sozinha após os seus pais e tios terem seguido para combater numa guerra que dividia não só o seu país como a sua própria família.

Não consigo expressar os sentimentos que me assolaram durante esta leitura. Admiração por um povo que não desiste de lutar pela sua sobrevivência, que apesar de todas as revezes, continuam a viver a vida com a simplicidade dos seus antepassados, e apreciando a vida tal como ela é. Revolta, por todas as atrocidades cometidas contra eles, quer por cidadãos do seu próprio país, quer dos outros países que decidiram colonizá-los e explorá-los. 

É um povo com uma tradição cultural extremamente rica, e que ficou bem notório no desenvolvimento das personagens desta família. Foi uma leitura maravilhosa, por vezes difícil, mas que recomendo sem hesitações, para quem queira saber um pouco mais sobre a história deste seu povo. Absolutamente maravilhoso.


Opinião: "O Outro Eu" de Daphne Du Maurier

Sou fã de Daphe Du Maurier desde que descobri que era ela a autora de "Os Pássaros" e de outro filmes do género. Ainda não li "Os Pássaros" (está na lista!), mas li "A Minha Prima Rachel", "A Pousada da Jamaica", "Rebecca", "A Casa na Praia" e agora este. 

De todos julgo que talvez  seja este o mais contemporâneo. Foi um livro quase sem época. A meu ver podia passar-se nos dias de hoje como em 1957, ano da sua publicação.

O mote é simples: um francês e um inglês encontram-se por acaso no bar de uma estação de comboios. A semelhança entre os dois é inacreditável. Dir-se-iam irmãos, no mínimo, senão mesmo gémeos. Passam as horas seguintes à conversa, até que John, o inglês, fica num torpor alcoólico que o remete para o esquecimento. Quando acorda, Jean-O, o francês roubou-lhe a identidade e John vê-se perante a inevitabilidade de ter de assumir o seu papel como patriarca aristocrático de uma família conturbada.

É uma história mirabolante, extremamente bem conseguida, não fora a autora uma das favoritas de Hitchcock. 384 páginas que se lêem num ápice. Não é impressionante a capacidade de determinados autores escreverem histórias intemporais?

Gostei imenso, e recomendo sem hesitações.

Opinião: "Elevação" de Stephen King

Não foi a primeira vez que li Stephen King, mas pelo menos foi o primeiro livro dele que li até ao fim. Que me perdoem os fãs, mas acho que no caso deste autor, gosto mais dos filmes do que dos livros. Ou então ainda não li o livro certo.

Não é uma história de terror, mas é um conto fantástico que nos leva a pensar no que é importante nas nossas vidas.

A ação desenrola-se numa pequena vila dos EUA, onde toda a gente se conhece. E Scott, a personagem principal, descobre que anda a perder peso sem no entanto perder volume. Confidencia este problema com o seu médico e amigo Dr. Rob Ellis, que incrédulo confirma o problema. Ao que tudo parece, Scott perde peso todos.

E a ação desenrola-se sendo adicionados mais alguns ingredientes à história, mas o final, sempre à vista é inevitável mantendo-se inexplicável. Tento tirar alguma elação mas a única  conclusão a que chego é a que referi acima. Faz-nos pensar no que é realmente importante na vida. De resto foi uma história que não me aqueceu nem arrefeceu.



Opinião: "A contadora de histórias de Auschwitz" de Siobhan Curham

Embora já sejam demasiados os livros publicados sobre este tema, acabamos por encontrar sempre um que se destaca, e embarcamos mais uma vez numa viagem aquela época de horror que não devemos nunca esquecer.

A capa e o título do livro chamaram-me à atenção. E encontrei exatamente o que esperava. Mais uma história sobre os horrores de Auschwitz, com uma abordagem ligeiramente diferente. Fez-me lembrar um pouco o filme A Vida é Bela, se bem que não lhe chegue aos calcanhares. 

É uma história sobre a beleza e a força das palavras num mundo onde reina a escuridão. 

Etty Veil é uma jovem autora judia que viu os seus trabalhos cancelados após Paris ser alvo da ocupação nazi. Ao ser levada para um dos campos de concentração, ela testemunha a separação de uma mãe e da sua filha adolescente. A mãe seguiu para os "banhos" e a jovem desamparada acaba por encontrar refúgio nos braços de Etty que a adota como irmã mais nova.

Para ofuscar o horror do que se passa à sua volta, Etty começa a contar pequenas histórias a Danielle e apercebe-se, aos poucos, que não é só Danielle que a ouve. Também as outras mulheres no barracão onde dormem aproveitam as histórias de Etty para fugir à realidade. Etty encoraja-as então a partilharem as suas histórias e promete-lhe sobreviver para contar todas as suas histórias ao mundo.

É um livro duro, como todos os que retratam esta época de horrores, mas é também um livro de esperança e de amor. Gostei muito. Mas tão cedo não vou pegar noutro deste género...

Opinião: "As Mulheres" de Kristin Hannah

Este foi um livro muito, muito interessante que adorei ler. 

Foi a primeira vez que li algo relacionado com a participação dos americanos na Guerra do Vietname, com uma abordagem mais abrangente, ou seja, com o foco nas mulheres que também fizeram parte do esforço de guerra e as quais mais tarde foram injustamente ignoradas.

Este livro é um hino de homenagem à sua participação. Às mulheres que serviram o seu país, quer como enfermeiras ou médicas, e que sofreram tanto quanto os soldados que lá serviram. Para elas não houve medalhas nem reconhecimento pelos sacrifícios que fizeram. No entanto, elas também regressaram a casa com PSTD, sofreram com as tragédias que viram e experienciaram, com as perdas e com todas as repercussões psicológicas do terror que foi essa guerra.

Para mim, este foi um dos melhores livros de Kristin Hannah que li. Não só aprendi imenso como me provocou emoções fortes, o que para mim é imprescindível num bom livro. Nota-se que Kristin Hannah tem amadurecido enquanto autora. As suas histórias mais recentes, e principalmente esta, são de uma riqueza extraordinária.

Recomendo!


Opinião: "Está Tudo Bem" de Cecilia Rabess

Por vezes perguntam-me porque leio dois livros ao mesmo tempo. Bem, esta é uma das razões. Li este livro "Está Tudo Bem" intercalando a sua leitura com "A Contadora de Histórias de Auschwitz". Já não consigo mergulhar exclusivamente num livro com um tema tão pesado como este último. Tenho de ter algo para intervalar e aligeirar o meu coração.

E por isso, esta leitura foi mais do que perfeita. Mas entretanto, atentem ao que vos digo: Título, capa e mote, remetem para uma história  romântica e ligeira, certo? E eu realmente deparei-me com uma história romântica, mas muito para lá de ligeira. Aliás, bem controversa e complicada, com muita economia e política à mistura. Conseguiu por isso facilmente atingir o seu propósito, afastar a minha mente do outro livro que lia em simultâneo. E para além de me distrair, também me fez aprender imenso, sobre imensas coisas. E divertiu-me.

Mas o que parece o livro atingiu a polémica ao ser publicado nos EUA, visto que as duas figuras centrais da história se encontravam em campos completamente opostos no que à política diz respeito. Ela é uma miúda gira, afroamericana, que acredita em Obama. Já ele é um republicano ultra conservador, que dá o seu apoio a Donald Trump sem perceber o que isso tem de errado.

É na verdade uma crítica velada a uma sociedade que se deixa levar pelo populismo e não consegue ver para além do que certas forças políticas nos querem apresentar. Tão bem a propósito destas nossas eleições do passado Domingo, não concordam?

Enfim, voltando a Cecilia Rabess e ao seu livro de estreia... É daqueles livros que ou se ama ou se odeia. Não acredito que existam meios-termos. Jess é uma rapariga que luta com a sua própria identificação, Josh é um rapaz que acha que está sempre do lado da razão. Mas, quando assim é, onde fica o amor? Há esperança quando existe tanto antagonismo numa relação? Têm de ler, para o descobrir.

Quanto a mim, acho que este é capaz de ser um dos livros mais inteligentes e surpreendentes que já li!
Recomendo!

Em destaque: "Quando as Montanhas Cantam" de Nguyen Phan Qué Mai

Um país em guerra. Uma família dividida. 
Uma história de coragem e esperança.

Sinopse:

Vietname, 1972. Do seu refúgio nas montanhas, a pequena Hương, e a sua avó observam Hanói a arder sob o fogo dos bombardeiros americanos. Até àquele momento a guerra tinha sido apenas uma sombra que afastara a família e dilacerava o país. Agora, entrava de forma brutal nas suas vidas. 

Quando regressam à cidade, descobrem a sua casa completamente destruída e decidem reerguê-la, tijolo a tijolo. Para animar a neta, Diệu Lan começa a contar a história da sua vida: desde os anos nas terras da família durante a ocupação francesa, as invasões japonesas e a chegada dos comunistas; da sua fuga desesperada para Hanói, sem comida nem dinheiro, e a dura decisão de deixar os filhos pelo caminho, na esperança de que, mais tarde ou mais cedo, se reencontrassem. 

O tempo passa e quando finalmente terminam a reconstrução da casa, a guerra já terminou. Os veteranos estão a regressar da linha da frente e Hương pode finalmente voltar a abraçar a mãe, que está uma mulher muito diferente daquilo que ela se lembrava. A guerra roubou-lhe a esperança e as palavras; e caberá a Hương dar-lhe voz e ajudá-la na dura tarefa de se libertar do fardo amargo de todos os segredos... 

«UMA HISTÓRIA ARREBATADORA. UMA BRILHANTE E GENEROSA CARTA DE AMOR AO VIETNAME QUE VAI ENCANTAR TODOS OS LEITORES!» Publishers Weekly 

UMA SAGA FAMILIAR LUMINOSA QUE ATRAVESSA
UM SÉCULO DE HISTÓRIA DO VIETNAME

Sobre a autora:
Nguyen Phan Qué Mai nasceu em 1973 numa pequena aldeia no norte do Vietname, Nguyen Phan Qué Mai viveu a devastação da guerra desde muito cedo. Trabalhou como vendedora ambulante e agricultora de arroz antes de ganhar uma bolsa de estudos para estudar numa universidade na Austrália. 
Autora e poetisa aclamada, ganhou alguns dos mais prestigiados prémios literários do Vietname. É autora de vários livros de ficção e não-ficção, e o seu trabalho foi traduzido e publicado em diversos países. 
Ganhou inúmeros prémios, incluindo o PEN Oakland/Josephine Miles Literary Award e foi finalista do Dayton Literary Peace Prize. 
Quando as Montanhas Cantam tornou-se rapidamente um bestseller e está a ser traduzido em todo o mundo.
Em www.bertrand.pt

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