O nome Kanada foi dado pelos prisioneiros que encaravam esses ditos armazéns como a terra da abundância. Mais tarde, o nome foi adotado pelos próprios nazis. Tratava-se nem mais nem menos do local onde chegavam os bens dos quais eram despojados os prisioneiros à chegada aos campos. Ali, era feita uma seleção e limpeza para uma posterior reutilização dos mesmos pelo povo alemão.
O livro fala-nos desta realidade através do julgamento de desnazificação de Franz Dahler em 1947, na Alemanha. Franz tem a seu favor uma testemunha peculiar, a sua mulher. A sua mulher judia e ex-prisioneira de guerra.
Recorrendo à presença de um psiquiatra no painel de supervisores americanos, este julgamento era um pouco diferente dos demais. E através do testemunho quer de Dahler, quer de Hélene (a sua esposa), vamos conhecendo a história deste casal que acabou por terminar a guerra juntos.
A dúvida permanece até ao fim: será um caso de Síndrome de Estocolmo, ou será possível que seja verdade, e que Dahler corresponda a um daqueles jovens nazis que apesar da lavagem cerebral a que foi sujeito desde criança, conseguiu ganhar alguma consciência contra a ideologia nazi e as atrocidades cometidas em nome do Führer?
Apesar de ser ficcionada, esta é uma história baseada em factos reais e nos testemunhos dos que sobreviveram a esta experiência, é mais uma história sobre a Segunda Guerra Mundial. Uma história um pouco diferente, que me acompanhou nestes primeiros dias do ano. Não é uma história de amor, mas uma história de sobrevivência. Gostei.