Através de uma simples e doce história, Laura Imai Messina, toca os nossos corações. O mote é que todos nós temos algo para dizer a quem já partiu. E é essa oportunidade que proporciona o telefone do vento. Na realidade não é este telefone, nem o local que são importantes. É a ideia que é importante. Todos nós temos alguém que perdemos. Não só para a morte. Por vezes amizades que se desfazem, amores que se desvanecem. E tantas vezes fica algo por dizer. O importante sabermos lidar com isso. Com as palavras que ficam para trás. Com a dor que não nos abandona. Com a saudade...
Pegando nesse local real, ao qual tanta gente já recorreu, a autora conta-nos a história de Yui, uma radialista, que perdeu a mãe e a filha no terrível terramoto / tsunami de 2011. Com as águas desse tsunami seguiu também a sua alegria de viver, e a sua vontade de estar neste mundo. Num dos programas que apresenta na rádio, ouve falar então desse local, e decide ir visitá-lo. Ali ela conhece Takeshi, um médico com uma filha de quatro anos, que emudeceu no dia em que a mãe morreu. Juntos eles enfrentam as suas perdas e criam uma estranha amizade que se vai fortalecendo ao longo dos tempos e das intempéries.
Apesar de ficção, sabemos que é uma história que bem poderia ser real. Por isso não é uma história fácil. É uma história sobre a dor e a incapacidade de lidar com a perda. Mas é uma história intemporal e provavelmente bastante útil para quem se encontra numa situação similar. Fechada na sua dor, sem conseguir fazer chegar a sua voz a quem partiu.
Fico feliz por ter tido a oportunidade de ler este livro. Fez-me bem. Perdi a minha mãe em 2020...
Para além disso é um livro muitíssimo bem escrito, num tom doce e melancólico, e de alguma forma respeitando os modos do local onde se passa a ação, o Japão. Gostei mesmo muito. Apesar de triste, é sem dúvida lindíssimo.