Opinião: "Todos os Amanhãs" de Mélissa da Costa

Este foi um livro que me encantou. Uma história tão intensa quanto delicada, repleta de pormenores maravilhosos, que ajudam o leitor a sobreviver à leitura. 

É a história de um luto. Um inconcebível e imprevisto acontecimento lança Amande Luzin para uma espiral de dor. Incapacitada de lidar com a vida, refugia-se numa casa na zona rural francesa, afastando-se de tudo e de todos. E é aí que vamos acompanhando a sua história e o seu lento regresso à vida.

Os primeiros meses foram cheios de escuridão. Amande tranca-se em casa, não abre janelas, mal come, e incapaz de lidar com a dor, limita-se a dormir. Depois, aos poucos, e com a ajuda de uns calendários/diários que pertenciam à antiga dona da casa, já falecida, ela começa a deixar o sol entrar. Dedica-se às coisas mais simples da vida rural, tanta do jardim, planta uma pequena horta, e regozija-se perante a vida que consegue criar. 

Através da celebração da Natureza, e ao perceber como a mesma recupera, mês após mês, do duro tempo invernoso, Amande começa também a entender que há que dar tempo para a dor, mas depois há que dar espaço para a vida se reinstalar. 

Adorei as personagens, todas bem delineadas e desenvolvidas. Todas com um propósito, e todas bem resolvidas. Todas as interações são as necessárias, as relações entre elas, sejam familiares ou de amizade, são muito importantes para o desenrolar da história. E as suas próprias histórias também.

Esta autora escreve tão bem que me conquistou logo após as primeiras páginas. Escreve com profundidade, clareza e alma. Sim, alma. Nem sempre acontece, mas por vezes conseguimos perceber quando o autor põe tudo o que tem na sua escrita, e quer-me parecer Mélissa da Costa, assim o fez. 

Muito bom. Recomendo!

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