Opinião: "As Bruxas de Pendle" de Stacey Halls

Este foi um livro que levei de férias pois estava curiosa sobre o tema. Ao que parece a autora inspirou-se num acontecimento real, os julgamentos de Pendle Hill, em Lancashire, Inglaterra em 1612, onde uma dúzia de pessoas foram acusadas de usar feitiçaria para assassinar alguns dos seus vizinhos. 

A caça às bruxas foi um movimento de perseguição religiosa e social, que embora tenha existido desde sempre, ficou associado à Idade Média, mais propriamente aos sécs. XVI e XVII. 

Naquela época, o povo era facilmente influenciável, e quando chegava a hora de culpar alguém por uma ou outra desgraça, havia sempre quem apontasse o dedo a certas mulheres que, pela sua natureza ou ascendência, eram detentoras de alguma sabedoria, normalmente a quem se recorria quando alguma maleita atacava, ou para ajudar nos nascimentos dos bebés. Por terem nascido nesta ou naquela família, elas sabiam o segredos das ervas, os pequenos remédios caseiros que ainda hoje se usam em alguns lares. Esse conhecimento secular, passado de mães para filhas, dava dores de cabeça a quem queria fazer disso negócio, como os primeiros farmacêuticos ou até charlatães. 

Para além disso, em Inglaterra, atravessava-se um conturbado período de divisão religiosa entre católicos e protestantes, pelo que a Igreja de Inglaterra encontrou neste movimento mais uma forma de eliminar os seus "inimigos".

A história do livro "As Bruxas de Pendle" retrata então esse acontecimento, que por sinal é um dos mais bem documentados da época.

Na história paralela criada por Stacey Halls ficamos a conhecer uma jovem esposa de um nobre, que se encontra grávida. Aos dezassete anos é já a sua terceira tentativa de ser mãe, e Fleetwood, é assim o seu nome, está aterrorizada. Por acaso conhece uma outra jovem, Alice Gray, que aprendeu com a mãe a arte de ajudar a trazer bebés ao mundo, e é a ela que Fleetwood decide confiar a sua gravidez e parto. Entre as duas, apesar das diferenças sociais, nasce uma boa amizade, que naturalmente não é bem vista pelos seus pares. Talvez como consequência disso, Alice é acusada de feitiçaria, e Fleetwood tudo vai fazer para conseguir ajudar a amiga.

Cheio de pormenores e descrições magníficas que nos colocam in loco, esta foi uma leitura fascinante. Apesar de não ser grande fã da época, gostei muito de viajar no tempo e visitá-la. Adorei a profundidade das personagens, os seus sentimentos e dúvidas tão bem retratados. Gostei muitíssimo desta leitura, do princípio ao fim. E sabendo que este foi o livro de estreia desta autora, fico muito curiosa com os que se seguiram. Espero por eles em português. 

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