Opinião: "O Vendedor de Passados" de José Eduardo Agualusa

Quis estrear o meu Kobo com uma leitura que preenchesse um dos pontos do meu desafio literário para este ano. E consegui. Assim sendo, já lá vão dois! :) Ler um e-book e ler um autor de língua portuguesa publicado amiúde em Portugal.

Confesso que José Eduardo Agualusa estava na minha mira há já algum tempo, mas por falta de oportunidade nunca tinha lido um livro seu. Não sei se este é dos melhores (eu sei que as opiniões variam, mas se quiserem deixar em comentário qual foi o vosso favorito, agradeço!), mas eu gostei bastante.

O tipo de escrita é diferente do que leio habitualmente. Tem, tal como o português falado por angolanos, um certo ritmo, uma certa cadência, que nos embala e encanta. As nuances da forma como a história nos vai sendo contada, foi algo que francamente me surpreendeu. Pela positiva! O narrador é uma osga. Sim. Uma osga chamada Eulálio. E é através da observação da vida de Félix Ventura, desde o teto da sua casa, que vamos ficando a conhecer a história do vendedor de passados. Félix é um angolano albino que se dedica a elaborar árvores genealógicas fictícias para os seus clientes, pura nata da sociedade angolana do início da independência. Fascinante é a história de um dos seus clientes, que entra na narrativa em busca, não só, de uma família fictícia, como de uma identidade falsa que seja suficientemente verosímil para ele a utilizar. O que está por trás deste desejo e os acontecimentos que sucedem vão sendo revelados gota a gota, mantendo o leitor preso até ao fim.  

Uma verdadeira fábula dos tempos modernos, belissimamente composta com personagens fascinantes e um narrador fora de série. Foi uma excelente introdução à escrita desta autor, do qual espero vir a ler mais.
Em www.bertrand.pt

O clube de leitura do meu coração.

 
Copyright 2005-2024 Blogger Template Ipietoon (Adaptado por Fernanda Carvalho - a escrever sobre livros desde 2005)