Adorei a escrita desta autora. Simples, sem subterfúgios, mas simultaneamente bela. Lénia Rufino escreve sem urgência, com a calma adequada ao lugar no tempo e no espaço onde se desenrola a ação. Consegue, no entanto, provocar no leitor um rol de emoções que é no fundo o que destaca os bons autores dos demais.
A história está bem concebida, e o tema é pujante e bem localizado. Numa aldeia perdida do interior Alentejano, em pleno regime salazarista, um padre abusa do seu poder, e uma jovem tenta descobrir um segredo escondido, que se acaba por revelar numa família destroçada pelas convenções católicas e sociais. As personagens são interessantes mas podiam estar um bocadinho mais bem desenvolvidas.
Os pontos negativos para mim são poucos: algumas repetições, nomeadamente nas cenas que envolvem o padre, e umas quantas pontas soltas e assuntos por resolver. Nada que perturbe demasiado a leitura, mas que deixa um certo gosto amargo na boca, assim como o final em aberto, quase que prometendo um seguimento, que certamente não irá acontecer.
Em suma, foi uma leitura que muito me agradou, e que espero seja apenas a primeira desta autora. Recomendo.
Para saber mais sobre este livro ou a sua autora, podem visitar a página do mesmo no site da Editorial Presença: https://www.presenca.pt/products/o-lugar-das-arvores-tristes.