Bem, que surpresa de livro!!
Começo por uma curiosidade: a autora diz que a ideia para este livro surgiu quando, em Abril de 2020 (ano da Pandemia, por altura do isolamento) teve de viver com uns familiares do marido. Nessa altura começou a pensar que, apesar de podermos conhecer bem os nossos familiares e amigos, não os ficamos a conhecer intimamente até que tenhamos de partilhar uma habitação. E se algum deles tiver um segredo, um hábito terrível que não queira que se saiba?
Assim surgiu a ideia para A Hóspede Silenciosa.
Confesso que fui surpreendida com a escrita desta autora. Sei que ela é francesa, e acho que notei isso através do modo de expor os factos, não sei, não consigo especificar o quê de "senti-la" francesa. Mas depois, o tom em está escrito, meus amigos, acaba por destoar. Já não é tão "francês", o que me fez confusão. A razão, descobri mais tarde, tem a ver com o facto dela ter estudado em Londres, em Nova Iorque, mudando-se definitivamente para os EUA em 2014, casando com um americano, e exercendo a profissão de jornalista no The Independent. Sinceramente não vos sei dizer como funciona, mas o país onde vivem ou escolhem viver, assim como a profissão que exercem, influencia o tipo de escrita que os autores produzem. Conseguem imaginar Stephen King francês? Por isso é que este livro foi tão interessante a nível literário.
De resto, adorei a história e a forma como está organizada. A personagem principal, extremamente bem desenvolvida, conquistou-me, com todas as suas fragilidades e inseguranças. Mas também porque não faz exatamente o que se espera dela. A resiliência é sem dúvida uma grande arma. O vilão também foi bem explorado, se bem que a autora podia ter desenvolvido um pouco mais o seu passado.
Foi uma leitura que me agradou de sobremaneira, e me fez querer ler mais livros desta autora. Foi o primeiro dela. Será que irá escrever mais? Recomendo!
Uma grande estreia para esta nova chancela da Porto Editora - Singular!!