"O Pecado e a Honra" de Maria João da Câmara

Ler transporta-nos para outros lugares, outros tempos. Ler um romance histórico é quase sempre uma viagem maravilhosa, embora por vezes se possa tornar entediante. Já tenho lido alguns romances históricos, cuja ação se desenrola noutros países, e por vezes acabo por me aborrecer quando o autor prima por dar um maior destaque aos factos históricos que à história em si. Isto não aconteceu aqui.
Este foi o primeiro romance histórico cujo passeio me levou a terras de Portugal no antigamente. Mais propriamente ao tempo dos reis da II Dinastia.

O relato começa durante o 2º reinado de D. João II, entrando logo de seguida D. Manuel I, o Bem Aventurado. Aliás, a história inicia-se mesmo com D. Manuel, ainda não rei, que se enamora por uma noviça do Convento de Odivelas e lhe faz uma filha.
É com essa filha, ilegítima, que começa a história de uma família, que por ser muito próxima da Casa Real, acaba por crescer com base nessa influência, embora por todos desconhecida.
Entre descendentes, casamentos, mortes e nascimentos, vamos então acompanhando simultaneamente o evoluir do reino de Portugal, durante esta segunda parte da dinastia de Avis, até ao trágico desaparecimento de O Desejado, o jovem D. Sebastião.

Adorei a forma como a autora foi introduzindo os factos históricos e pormenores relacionados com a época. Dei por mim inúmeras vezes a comentar em voz alta: “Que giro! Que interessante!” – pequenas coisas que não aprendemos nos manuais escolares, ou pura e simplesmente, ver transformados numa vívida narrativa, os factos que sempre soubemos. Por exemplo, uma das partes que mais me fascinou foi a chegada da primeira caravela com a notícia de que Vasco da Gama tinha conseguido descobrir o caminho marítimo para a Índia. Quase que me senti lá, junto ao cais quando a dita aportou!
E a linguagem? Os termos, os diálogos tão fidedignos!
Apenas tive pena de não haver uma espécie de dicionário incluído no livro, pois certos termos me fugiam durante a leitura, e tinha mesmo de interromper para ir à procura do seu significado.
Tirando esse pequeno pormenor facilmente ultrapassável, confesso que achei este livro muito bom! E ficarei atenta à espera de uma nova publicação. :)

Para mais informações podem espreitar aqui ou visitar o site da Oficina do Livro.
Em www.bertrand.pt

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