Esta foi a minha primeira aproximação à escrita de Colum
McCann. Era um autor com cujo nome já me tinha cruzado, por isso quando me
surgiu a oportunidade de ler “Transatlântico” nem hesitei. No entanto, e apesar possuir uma beleza rara que apreciei, não
posso afirmar que me tenha enchido as medidas. Sabem quando um livro tem tudo
mas falta-lhe alma? A este pareceu-me ter alma e faltar-lhe um pouco de tudo o
resto… Mas tal como tudo na vida, esta impressão também tenha a ver com a
altura em que encetei a leitura, sendo que o meu estado de espírito, confesso,
não era dos melhores.
No entanto, achei fenomenal aquilo que o
autor faz com as palavras: através de uma narrativa pontuada por frases curtas,
ele consegue transformar a leitura numa experiência especial. É quase como se
ao invés de estarmos a ver um filme, estivéssemos a ver uma apresentação de slides, sem ligação aparente, mas que no seu todo, contêm um fundo comum. A narrativa saltita entre séculos e gerações, pessoas e
lugares, ficção e realidade, partilhando de um mesmo factor: viagens transatlânticas
entre os EUA e a Irlanda. No final ficamos com a ideia que a nossa história e
as nossas histórias são fluidas, não podendo ser consideradas como estanques,
pois não fazemos ideia como certas situações numa determinada altura, irão
influenciar outras, mesmo que em séculos posteriores.
Foi uma leitura interessante, apesar de algo melancólica... Acho
que tenho de descobrir outras obras deste mesmo autor.