"Vitória, de amor e de guerra" de Luísa Beltrão (opinião)

Não sou grande fã de livros sobre a Primeira Guerra, muito ao contrário da Segunda, que devoro sem hesitar. Mas a verdade é que Luísa Beltrão, na sinopse deste livro, prometia-nos um olhar diferente sobre esta guerra em que nós, portugueses participámos. O olhar de uma mulher, filha de pai português e mãe francesa, que deixa três filhos para trás, e decide ir ajudar ao esforço de guerra num hospital, perto do local onde o seu marido estava colocado.
Não acredito que muitas de nós o fizessem, mas Vitória era de outra garra.

A sinopse prometia igualmente um romance entre ela e um dos seus pacientes, um herói inglês, que a solidão e os acasos da vida empurraram para a sua companhia.
Por muitos livros que leiamos, filmes que vejamos, nunca iremos compreender o que é estar numa situação destas. Por isso não há como recriminar Vitória pela presença constante à cabeceira desse paciente. Com ele, ela vai desabafando, contando a história da sua vida, da sua família. e simultaneamente vamos descobrindo a história deste nosso país.


É, na realidade, a vertente histórica deste livro que mais me conquistou. Portugal, pequenino, fechado nas suas tradições e costumes, lidando com os seus próprios problemas políticos.

Luísa Beltrão tem uma escrita fluída e cativante. Leva o leitor pela mão e ajuda-o a compreender com facilidade os saltos temporais, tão necessários quando se tenta perceber uma família como um todo.
Gostei imenso. Nunca tinha lido nada desta autora e fico à espera de uma nova publicação.

P.S. A capa é lindíssima, não concordam? Parabéns à Manuscrito.
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