Anna é uma jovem menina que vive em Cracóvia com o seu pai, após ter perdido a sua mãe há algum tempo. Estamos em 1939 e a guerra está à espreita. O seu pai, professor de Linguística, é um homem atencioso e carinhoso, muito inteligente e poliglota. Com ele, Anna aprende a falar várias línguas e aos 7 anos domina sem dificuldade o francês, o polaco, o russo, o alemão e o inglês.
Um dia, durante a que ficou conhecida pela Grande Purga, o seu pai desaparece. Anna ficou sozinha e fechada fora de casa. É então que conhece um estranho homem. Poliglota como ela, fascina-a com o conhecimento de mais uma língua – a língua dos pássaros. Anna decide ficar com ele e juntos empreendem uma viagem por uma terra em transformação, por um mundo em guerra, enquanto eles próprias também se vão transformando.
“Anna e o Homem Andorinha” é uma gigantesca metáfora. Uma
história tão delicada quanto pungente. A relação de Anna com o Homem Andorinha
é a base de tudo. A forma como ele a educa, como lhe explica o funcionamento do
mundo, como a protege e como a ensina a proteger-se, é quase ternurenta. O diálogo
entre os dois é tranquilo e coerente, o que torna a leitura um pouco mais
agradável para quem sabe o que está por trás de cada linha. Na verdade, quando nos distanciamos um pouco e conseguimos ver para lá da
doce neblina criada pelo autor, apercebemo-nos da habilidade com que ele
mistura factos com ficção e de como este conto onde nos sentimos embalados, é
na realidade o relato da jornada de uma criança por uma terrível guerra.
Um livro maravilhoso.
Muito bom mesmo.