"Filha do Profeta" de Rachel Jeffs (OPINIÃO)


Todos nós temos os nossos temas favoritos e embora eu não possa afirmar que adoro ler sobre este tema, também não posso negar que tenho bastante interesse nele: as seitas e as ramificações mais radicais das religiões.

Este livro, escrito pela filha do líder da Igreja Fundamentalista Mórmon Warren Jeffs, é um relato extraordinário sobre os anos em que ela viveu dentro dessa seita poligâmica. Por vezes difícil de ler, está, no entanto, escrito num tom que revela a paz interior que Rachel já experiencia. Este é um testemunho que prova a resiliência do ser humano e em simultâneo uma inspiração de esperança para todos os que necessitam de ultrapassar quaisquer obstáculos.

Rachel e o pai, Warren Jeffs
Segundo as palavras de Rachel a sua infância não poderia ter sido mais feliz, pois viver com imensas irmãs e irmãos, para uma criança, é sinónimo de brincadeira e diversão. No entanto, a infância de Rachel terminou abruptamente quando começou a ser abusada sexualmente pelo seu próprio pai aos 8 anos. Mais tarde, é obrigada a casar com um homem que não conhece e que já tem duas mulheres, entrando assim na idade adulta da sua vivência nesta seita.

Diversas peripécias, ao longo dos anos, vão fazendo Rachel questionar-se sobre a validade do pai enquanto profeta e após a sua prisão, Rachel ganha finalmente coragem para fugir, levando, no entanto, alguns anos até conseguir abandonar a igreja com as suas filhas.


Warren Jeffs está a cumprir uma pena prisão perpétua desde 2011. 
Sou sincera, fiquei estupefacta com as decisões de Warren Jeffs sobre a vida do seu povo. Qualquer pessoa se apercebe o quão egocêntrico, narcisista, pérfido e louco ele é. Infelizmente, continua a sê-lo, pois mesmo estando a cumprir uma prisão perpétua por pedofilia, mantém reféns os membros da religião que o seguem, ditando-lhes leis e proibições bizarras e impensáveis.

Rachel com os filhos ainda na igreja.

Rachel e os filhos, depois de fugir da igreja.

Foi uma leitura compulsiva que muito me agradou. Está muito bem escrito e termina com um tom de esperança e otimismo. A verdade é que não podemos estar sempre a ler coisas agradáveis. Por vezes é preciso abrir os olhos para outras realidades. Recomendo.

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