Bem a propósito do dia 27 de janeiro – dia dedicado à
Memória das Vítimas do Holausto – venho apresentar-vos a minha opinião sobre
este livro de V. S. Alexander, "A Provadora".
O Holocausto, Hitler, o nazismo e a Segunda Guerra Mundial são sem dúvida uma fonte inesgotável de inspiração. Sejam livros, filmes, documentários, acredito que irão sempre aparecer novas abordagens ao conflito que mais mexeu com a Europa e o mundo. E nós, leitores apaixonados pelo
tema, iremos continuar a consumi-los, e sempre a querer saber mais. Porque na
realidade é isso que é importante. Não esquecer e não deixar esquecer.
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Berghof - conhecido refúgio nazi nos Alpes Bávaros |
“A Provadora” trouxe-me de facto uma visão diferente do conflito nazi. Magda
Ritter era uma simples jovem alemã, com vinte e poucos anos, a viver em casa
dos pais. Como muitos outros, ela era algo ignorante sobre a realidade do que se passava no
seu país. De forma a protegê-la da guerra, que atingia em força a cidade onde
vivia, Berlim, foi enviada para viver com os seus tios numa vila na Baviera, perto
da famosa casa refúgio de Hitler, Berghof. Através de contactos do seu tio, e porque precisava de trabalhar, ela foi escolhida como provadora da comida de Hitler e pode, portanto, conhecer bem
de perto as rotinas e os hábitos do ditador. E mais não conto pois não vos quero
estragar a leitura.
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Uma das salas de Berghof com a famosa janela panorâmica. |
Escrita num tom calmo e pausado, contrastando com o que sabemos que ía acontecendo, e narrado na primeira pessoa, como se tivesse sido a própria Magda Ritter a escrever as suas memórias, somos convidados a recostarmo-nos e a apreciar a leitura.
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A verdadeira provadora, Margot Woelk. |
Sei que, embora ficcionada, esta história foi inspirada numa mulher que existiu realmente. Margot Woelk foi uma das quinze provadoras de Hitler e manteve o seu passado escondido de todos até perto da sua morte. Quero acreditar que, como a heroína desta história, Margot conseguiu fazer parte da resistência silenciosa que se revoltava contra a máquina nazi e que de alguma forma contribuiu para a queda de Hitler.
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Hitler tomando uma refeição com Eva Braun. |
É um livro que vale a pena ler, com o qual descobri um pouco mais sobre
a vida macabra de Hitler, os seus hábitos e o convívio com aqueles que formavam o seu núcleo duro. Apesar de nos sentirmos um pouco chocados com aquilo que sabemos,
é mais um importante passo no sentido de não deixar esquecer o que foi o holocausto nazi. Recomendo sem hesitações.