Lá, Onde o Vento Chora é uma obra magnífica. Não só a história é incrível, como está escrita de forma absolutamente maravilhosa. É de um requinte e suavidade tal, que nos leva a ler e reler várias vezes os mesmos parágrafos, as mesmas frases. É como se Delia tivesse escrito uma história em forma de poema. Quase que sim. Acreditem.
O que eu não posso crer, é que esta mulher, uma zoóloga de profissão, teve este dom escondido durante tanto tempo, e só agora, aos 74 anos publica o seu primeiro livro. Talvez seja o caso do livro de uma vida, embora não seja autobiográfico. Não sei. Sei é que gostaria de ler mais desta autora.
Sobre a história em si, só posso dizer que está muitíssimo bem construída. Tem todos os elementos necessários para nos manter presos à narrativa, e abrange vários géneros: um drama, um romance, e por incrível que pareça, um mistério policial. A história de Kya, a miúda do pantanal, parte-nos o coração, mas simultaneamente, a sua coragem e resiliência transformam-se num hino à vontade de sobreviver. O seu isolamento e a sua comunhão com a natureza são algo extraordinário, que fazem de Kya uma personagem inesquecível.
Este é um livro que não queremos que acabe. Uma história que recordarei com carinho e uma escrita à qual irei sem dúvida voltar de vez em quando. Não podem mesmo deixar de o ler.