"Terra Americana" não aborda a pandemia, mas sim outro tipo de flagelo que nos vai passando ao largo, que tentamos não ligar. A realidade de milhares de pessoas, que ano após ano sucumbem ao tentar encontrar uma vida mais segura noutro país que não o seu. No caso deste livro, nos EUA. Sim, os famigerados mexicanos e outros sul americanos que fogem dos seus países simplesmente para tentar salvar as suas vidas. Infelizmente uma grande percentagem não o consegue, dando de caras com a morte antes de chegarem ao seu destino.
"Terra Americana" conta a história de uma mãe, que ao ver a sua família chacinada por um dos barões da droga de Acapulco, foge com o seu filho de 8 anos, embarcando numa viagem tão difícil quanto perigosa. E é nessa viagem que vamos acompanhando o seu desespero e a sua coragem, comum aos outros companheiros de viagem que vai descobrindo, e que resulta apenas da vontade de sobreviver.
Este é sem dúvida um livro que não se deve deixar de ler. Muito provavelmente escrito para um público bem diferente dos migrantes, e por consequência não tão crú, não deixa de ser uma chamada de atenção para as ondas de migrantes, tanto nos EUA como na Europa, que fogem dos seus lares, pela simples vontade de sobreviver.
É um livro que suscitará muitas opiniões, por isso recomendo-o. É excelente para o debate! Mas é também um livro que nos acompanha muito depois da leitura terminar, nas pequenas coisas do dia a dia, e em situações tão simples como lavar os dentes ou ter um inalador para a asma e se conseguir respirar.
Adorei. O melhor deste ano tão estranho.