Damara, uma colombiana que vive na costa pacífica da Colombia, adota uma cachorrinha recém nascida, com muito poucas hipóteses de sobrevivência. A ela se dedica, devotando-lhe todo o amor e cuidados, e a cadela sobrevive. Vai crescendo junto à dona que a trata quase como uma filha, até dia que, seguindo os seus instintos naturais, a cadela foge.
Apesar de toda a ação se centrar na cadela, o que é uma nítida manobra de diversão, a verdadeira história é sobre a sua dona. Damaris carrega alguns fardos muito pesados, traumas e desgostos do passado que, sem que ela dê por isso, condicionam a sua vida e o seu casamento. E é o reflexo disso tudo que a autora insere numa história tão simples: a angústia de uma vida.
Está escrito de uma forma absolutamente perfeita. Manipula o leitor, mostrando-lhe um por de sol magnífico, que de repente se esconde por trás de umas nuvens ameaçadoras de furacão. Adorei a personagem de Damaris. A a sua força, a sua raiva, a sua solidão e tristeza. Tudo tão bem descrito que quase sentimos nossas, as suas dores.
Quem quiser ler este livro terá de estar preparado para o que a autora promete. Ela abre-nos uma ferida, talvez já fechada ou esquecida, mas não se coíbe de a esfregar com sal. Preparem-se. Mas não deixem de ler "A Cadela".