Opinião: "História de uma Família Decente" de Rosa Ventrella

Este é o segundo livro que leio de Rosa Ventrella. O primeiro, A Maledicência, foi igualmente uma leitura muito interessante que mereceu as minhas 4 estrelas. Este, no entanto, ultrapassa-o. A História de uma Família Decente é a meu ver mais completo. Se bem que as duas histórias ficam na memória, como é o hábito das histórias bem contadas.

A história deste livro é a história de uma família pobre, em que o pai, um rude pescador, rege a vida de todos com intolerância e violência. A mãe, bela e doce, é anulada pelo pai, o mesmo acontecendo ao rapaz mais novo. O mais velho faz-se à vida, seguindo para o serviço militar, enquanto Maria, a filha mais nova e única rapariga, vê a sua vida condicionada a casa - escola - casa. Mas Maria não é flor que se cheire, pelo menos flor que se deixe pisar facilmente. Tanto que até a avó que a adora lhe põe a alcunha de "malacarne", ou seja, malvada, patife. Junto com o seu amigo de infância, Michele, ela explora a vida, encontrando a felicidade quando está junto a ele. Quando crescem estão alguns anos sem se ver, e quando se reencontram, não há como negar o seu amor. Vão no entanto encontrar um grande entrave: o intransigente pai de Maria. Será que conseguem vingar na vida e no amor? 

Ao longo da história vamos conhecendo uma panóplia de personagens interessantes, que compõem o o quadro multicolorido que é o bairro onde esta família vive. E é aqui que, a meu ver, encontramos a magia da escrita de Rosa Ventrella, também ela originariamente de Bari, onde se situa este bairro. 

A escrita de Rosa Ventrella é um vício. Quanto mais lemos, mais queremos ler. Comparam-na muito a Elena Ferrante. Eu, como ainda não li esta última, não vos sei dizer. Sei é que Rosa Ventrella é um nome do qual vou querer ler mais livros. Eles que venham!

Recomendo, sem hesitações. E este, merece sem dúvida as minhas 5 estrelas!!

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Deixo-vos a sinopse:

Sul de Itália, anos 80. Os verões em Bari velha são passados entre os becos de lajes brancas, onde as crianças se perseguem pelas curvas de um labirinto de ruelas, no meio dos aromas dos lençóis estendidos em arames e dos molhos saborosos.

Maria, de doze anos, cresce aqui com os dois irmãos mais velhos. É uma menina pequena e morena, com feições selvagens que a tornam diferente das outras crianças - uma boca grande e dois olhos quase orientais que brilham como pequenos buracos - e uma certa maneira de ser hostil e insolente que lhe valeu a alcunha Malacarne.

Vive numa terra sem tempo, num bairro onde os abusos são sofridos e infligidos, e de onde é muito difícil escapar. No entanto, Marì não está disposta a submeter-se a normas que não respeita. O seu único apoio é Michele, o filho mais novo do clã Senzasagne, a gente mais decadente de Bari velha.

Apesar da hostilidade entre as suas famílias, entre ambos surge uma amizade delicada, quase fraternal, que o tempo converte em amor.
Um amor que, embora impossível, os preserva do rancor do resto do mundo.

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