Regressando a Beatrice Salvioni, que escritora! Como é que uma jovem de 28 anos tem tanto saber, tanta idade dentro de si!?! É sem dúvida uma autora que não quero perder de vista e que para mim, já provou o seu valor. Adorei A Malnascida.
Este livro conta-nos a história da amizade entre duas raparigas, naquela fase tão difícil entre o ser criança e ser adolescente. Passa-se em Itália nos anos 30, tendo como pano de fundo as vidas de extrema pobreza em contradição com as de grande desafogo monetário, apoiantes do fascismo de Il Duce.
Malnascida (Maddalena) é um pássaro livre. Vinda de uma família pobre, herdou a sua alcunha devida a alguns azares na sua curta história, mas como o que não nos mata torna-nos mais fortes, ela é resiliente, atenta e desafiadora. Estas características fascinam Francesca, uma menina de boas famílias, que vive fechada numa redoma. Contra os pais desta última, elas vão tornar-se amigas inseparáveis, e é o seu dia-a-dia que vamos acompanhando ao longo do livro.
Mas a vida dos adultos vista pelos olhos dos mais jovens é sempre dilacerante, e as duas amigas vão crescendo à força, ajudando-se mutuamente a enfrentar as dores desse crescimento. O seu círculo de amigos, também eles com as suas histórias, enriquecem a narrativa, e desde cedo sentimos que fomos fisgados. É uma leitura vertiginosa, que não conseguimos pousar.
Adorei este livro. É sem dúvida um dos melhores do meu ano literário!