O mar tem um papel fulcral neste relato. Aliás, toda a natureza tem um papel importantíssimo. É mais que sabido que através dela conseguimos renascer, que nos conseguimos reconstruir e foi isso que a autora conseguiu no seu ano à beira-mar.
Num relato simples e ligeiramente intimista, Joan Anderson conta-nos de uma forma resumida a sua situação: uma mulher de 50 anos que passou a vida a satisfazer a vontade dos outros, colocando sempre os filhos, o marido, a família em primeiro lugar e negligenciando-se a si própria. Tendo chegado a um ponto de viragem, decide isolar-se de tudo e todos durante um ano, dedicando esse tempo a reencontrar-se, a redescobrir-se, a refazer a sua vida.
Embora não me identifique minimamente com a autora nem com a sua situação, compreendo as suas questões e aprecio as suas decisões e escolhas. Admiro a sua coragem e a força de vontade que a ajudou a dar uma reviravolta à sua vida. Por vezes, mais do que necessário, é impreterível mudarmos.
Como diria Fernando Pessoa:
«Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares ...
É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos...»
E Joan Anderson conseguiu-o.
É sem dúvida um livro belíssimo, cheio de verdades que nos fazem pensar e que nos ajuda a ter um maior discernimento sobre a nossa vida.
Muito bom!
Para mais informações sobre este livro podem consultar aqui.