Neste caso específico, o livro "Irmã" está escrito de uma forma absolutamente bela.
Vejam este parágrafo:
(...)
- Sou irmã dela.
Sim, falei no presente do indicativo. O facto de estares morta não fazia com que eu deixasse de ser tua irmã. A nossa relação não passou a pertencer ao passado, caso contrário não estaria agora a sofrer, no presente do indicativo. O fidalgo pareceu chocado. Julgo que ele esperava que também eu estivesse a uma distância emocional segura.
Afastei-me.
(...)
Belo, não?
O tom é quase meigo, mas ao mesmo tempo dorido. Bem, também temos de entender o contexto. Beatrice descobre que a sua irmã desapareceu, e voa de regresso a Londres, para se aperceber que apesar do pouco que realmente sabe da vida de Tess, é o suficiente para ter a certeza de que o que toda a gente afirma ter acontecido, não corresponde à realidade. Confuso? Nem por isso, pois o relato está de tal forma bem organizado que quase nos carrega ao colo ao longo da história.
É fácil apaixonarmo-nos por Tess, pois apesar de estar ausente durante quase todo o livro, é trazida à nossa presença através das memórias dos outros. Mais fácil é condoermo-nos de Beatrice, na sua luta contra o mundo inteiro, nas suas reflexões, na sua constatação de que o mundo em que vivia não passava de um esconderijo, nas suas descobertas e revelações.
Enfim, é um livro lindíssimo, com uma nota de mistério que lhe retira o dramatismo e que o transforma numa leitura que dificilmente conseguimos pousar. Um livro definitivamente a não perder.
Para mais informações sobre este livro espreitem aqui ou visitem o site da Civilização.