As experiências em laboratório, os circos, a exploração
comercial de todo o tipo de animais é algo que me toca profundamente, tal como
imagino, a grande maioria de vós. Não é um tema fácil, e muitas vezes, sei bem,
é mais fácil apagar este ou aquele email que alerta para algum tipo de abuso
sem sequer o ver, que ter a coragem de o fazer circular, colocando o dedo na
ferida.
Este livro, de algum modo, aborda uma situação similar. Mas não
exatamente. Não esperem choque profundo ou cenas de destroçar corações. Esperem
sim, uma história apaixonante, viciante, cativante e inspiradora. Daquelas que não vão querer "apagar".
Com base num notório profundo trabalho de pesquisa, Sara
Gruen conseguiu criar, a meu ver, uma obra prima. Ficamos a conhecer na perfeição
certas personagens-chave, que espelham a realidade de quem lida com o estudo de ou com animais: por um lado o cientista que desenvolve
uma relação familiar com um grupo de bonobos ao mesmo tempo que os estuda, e
que daria a vida para os defender, e por outro, o cientista sem escrúpulos que
os considera como simples meios para atingir um fim.
Simultaneamente, mas num
campo muito diferente, encontramos jornalistas com as mesmas características,
os íntegros, que querem fazer um trabalho de reportagem fidedigno ao mesmo
tempo que respeitam os intervenientes, e os sensacionalistas, que colocam os
cifrões à frente de tudo o mais. Sem dúvida, uma panóplia de personagens muito
interessante!
Mas a verdadeira gema deste livro são os próprios bonobos -
criaturas adoráveis e inteligentes que nos conquistam pela sua pureza, pela sua
beleza interior e pela sua delicadeza.
Se alguém viu “Gorilas na Bruma” compreenderá perfeitamente
do que falo. A grandeza destes nossos “meios-irmãos” apenas pode ser abordada
com uma boa dose de Amor e Respeito, que é o que fez esta autora.
É uma história lindíssima que recomendo a toda a gente. Quer
aos grandes defensores dos direitos dos animais, quer a quem simplesmente
precisa de mudar a sua forma de olhar para o mundo que nos rodeia. Não se vão arrepender.