Este foi um destes casos. Li-o tão rapidamente que cheguei ao fim sem compreendê-lo completamente. Ainda folheei alguns capítulos anteriores para tirar umas dúvidas, mas depois tive de deixá-lo "fermentar". Poucos dias depois apercebi-me... este livro é perfeitamente brilhante!
Carmel é uma menina de oito anos que foi sempre um pouco diferente das outras crianças. Com alguma tendência para se distrair e desaparecer, a sua mãe Beth, sempre teve receio que um dia ela se persesse ou fosse raptada. E foi mesmo o que aconteceu um sábado de manhã quando as duas visitavam um festival infantil ao ar livre. Carmel foi raptada por um homem que dizia ser o seu avô que ela nunca conheceu e que acredita que ela é possuidora de um dom muito especial.
O livro está escrito de forma maravilhosa, a duas vozes. Os capítulos alternam-se, e aos poucos vamos percebendo o que se passa junto de Beth e junto de Carmel. Obviamente os capítulos de Carmel são inicialmente um pouco mais confusos, induzindo-nos frequentemente em erro. Afinal é uma menina de 8 anos que nos escreve e que não percebe muito bem o que lhe está a acontecer. A única coisa que ela tem a certeza é que não quer esquecer a sua mãe.
Por outro lado a perceção de Beth é incrivelmente sóbria. Através dela somos apresentados à sua dor, às suas dúvidas e à sua determinação em não deixar cair no esquecimento a sua menina, pelo que faz tudo para que isso não aconteça. Como uma mãe em sofrimento ela agarra-se às memórias da sua bebé, embora simultaneamente tente andar para a frente com a sua vida, sem que isso lhe cause sentimento de culpa.
Muito mais do que um thriller, do ponto de vista policial, este é é um thriller psicológico com um grande factor emocional. Lindo e perfeito. Absolutamente.