A história desta família divide-se em duas partes, o passado e o presente. Na primeira parte o relato começa com Angélica e Joaquim, que decidiram emigrar para o Brasil e ali começar uma nova vida. Regressam anos mais tarde para Portugal e instalam-se na Quinta do Pinheiro, no Douro. Pouco tempo depois, começa o martírio desta mulher que vê o marido partir novamente para as terras de Vera Cruz, onde vem a falecer, deixando-a sózinha com os filhos em Portugal. Entretanto os miúdos crescem e também eles partem, à vez, em busca de fortuna e aventura noutros países. Gostei da forma como a autora foi contando a história de um filho, que emigrou para o Brasil e depois do outro, que emigrou para Moçambique - as vidas de ambos, a forma como encontraram as suas esposas e mais tarde a sua descendência.
A segunda parte acontece bastantes anos mais tarde, quando as descendentes de Angélica, sentem um apelo para visitar a Quinta do Pinheiro, casa de família que nunca tinham visitado. Camila, neta, vem de África e Vitória, do Brasil. Ali, com a ajuda de uma sobrinha que ficou como guardiã da quinta, ambas encontram o que procuravam, um sentido para as suas vidas e o retomar dos laços familiares, com a certeza de que algures a sua avó Angélica continua a abençoar aquele lar.
Apesar de ter gostado do desenvolvimento que a autora deu ao percurso desta família no estrangeiro, senti que faltou alguma profundidade à história da vida de Angélica na Quinta do Pinheiro. Era isso que eu estava à espera - até porque a capa assim o dá a entender - e que por essa razão me soube a pouco. É, no entanto, uma história interessante, bem escrita e organizada, com algumas personagens muito verosímeis e bem trabalhadas, que me deixou curiosa sobre as outras publicações da autora.
De louvar, no entanto, que a autora tenha decidido, por motivos que lhe são muito próximos, dedicar os lucros dos seus livros ao trabalho do Centro de Investigação de Tumores Cerebrais do Instituto de Medicina Molecular.