Opinião: "Os Profetas" de Robert Jones, Jr.

Esta foi uma leitura bem diferente de tudo o que já li. A ação decorre numa plantação no Sul dos E.U.A., cerca de 1830, numa época em que a escravatura era permitida. 

Ali, bem no meio de todos, há duas pessoas que sobressaem, não só pela sua beleza, como pela aura de cumplicidade e ternura que emanam de um para o outro. Os outros escravos apercebem-se disso. Isaías e Samuel foram feitos um para o outro, e como duas de uma mesma moeda, um é o outro e vice versa. 

Um desses outros escravos tem inveja do que eles possuem. E apela ao seu amo, o dono da plantação, para que o deixe ensinar as Escrituras aos escravos. Imbuído dessa missão, rapidamente se considera acima dos demais, e começa a apontar o dedo para dentro da população escrava.

Isto é um resumo muito curto deste livro. É claro que depois acontecem coisas horríveis. Violentas. Que me fizeram passar alguns parágrafos à frente. E há mais intervenientes que não mencionei mas que interferem na história, como a esposa do senhor da plantação, e o filho deles. É para todos os escravos uma situação terrível, mas acima de tudo para aqueles dois, cuja beleza da sua história de amor envenenou o coração de outra pessoa. Não há tantas e tantas histórias assim?

A nível de escrita quase consegui encontrar um eco de Toni Morrison. Gostei imenso da forma como flui a escrita de Robert Jones, Jr. Por vezes, quase me soa a pura poesia. Apenas não consegui entrar por completo nos capítulos narrados na língua criola (?) Não me soaram verdadeiros. Talvez se tivesse lido no original, teria sido diferente.

Samuel e Isaías amavam-se. E viviam uma vida simples, plena de beleza. Porque não os deixaram em paz? Porque não os deixam em paz?

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