Li este livro em 2009, e agora, por ser um dos propostos no clube de leitura a que pertenço, decidi relê-lo. Pensei que não o tinha apreciado devidamente, mas hoje, ao reler a minha opinião da altura, verifiquei o contrário. Apreciei-o mais na altura que talvez agora. É sem dúvida um livro muito introspectivo, com análises profundas sobre a vida e a amizade. O que aconteceu foi que o "eu" de hoje, com mais 13 anos, colocou em causa coisas que não me haviam passado pela cabeça.
A história parece simples. Dois homens, amigos desde a infância, afastaram-se radicalmente após um acontecimento de relevo ter abalado a sua amizade. Viveram uma vida inteira - quarenta e um anos - sem se falarem, sem se verem. O acontecimento é revelado rapidamente ao fim de algumas páginas, e livro continua com um reencontro, que tinha de acontecer. Ambos na casa dos setenta,
sentam-se a jantar e a conversar. O anfitrião, na realidade o principal lesado, vai discursando sobre as suas vidas, o que lhes aconteceu após o tal acontecimento, a amizade antiga que tinham e onde os levou o ressentimento. E realmente, de que vale o último quando coloca em causa uma amizade?
Quando as velas se apagam, a verdade revela-se. O ressentimento que guardaram durante tanto tempo, não vale a pena. Não é nada. Vidas vividas sem sentido, com um peso absurdo que influencia tudo e todos à sua volta., Valeu a pena?
Esta é a minha análise atual sobre este livro. Um livro de uma extraordinária qualidade literária, ou não fosse esta uma leitura intemporal que hoje em dia vem recomendado no PNL (dos 15-18 anos). Mas é igualmente uma leitura amarga sobre a vida.
Deixo -vos uma das pérolas que já guardei da outra vez e que guardo agora novamente:
(...) só através dos pormenores podemos perceber o essencial, aprendi assim nos livros e na vida. É preciso conhecer os detalhes, porque nunca sabemos qual deles é importante, quando pode uma palavra iluminar um facto. (...)