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Opinião: "A Cadela" de Pilar Quintana

Este pequeno livro foi uma grande surpresa. A história parece simples, mas acreditem quando eu vos digo, é tudo menos isso! É quase como se só víssemos o topo do icebergue, quando para lá da superfície da água se esconde um monstro destruidor de navios.

Damara, uma colombiana que vive na costa pacífica da Colombia, adota uma cachorrinha recém nascida, com muito poucas hipóteses de sobrevivência. A ela se dedica, devotando-lhe todo o amor e cuidados, e a cadela sobrevive. Vai crescendo junto à dona que a trata quase como uma filha, até dia que, seguindo os seus instintos naturais, a cadela foge.

Apesar de toda a ação se centrar na cadela, o que é uma nítida manobra de diversão, a verdadeira história é sobre a sua dona. Damaris carrega alguns fardos muito pesados, traumas e desgostos do passado que, sem que ela dê por isso, condicionam a sua vida e o seu casamento. E é o reflexo disso tudo que a autora insere numa história tão simples: a angústia de uma vida. 

Está escrito de uma forma absolutamente perfeita. Manipula o leitor, mostrando-lhe um por de sol magnífico, que de repente se esconde por trás de umas nuvens ameaçadoras de furacão. Adorei a personagem de Damaris. A a sua força, a sua raiva, a sua solidão e tristeza. Tudo tão bem descrito que quase sentimos nossas, as suas dores.

Quem quiser ler este livro terá de estar preparado para o que a autora promete. Ela abre-nos uma ferida, talvez já fechada ou esquecida, mas não se coíbe de a esfregar com sal. Preparem-se. Mas não deixem de ler "A Cadela".


Em destaque: "A Cadela" de Pilar Quintana

Sinopse:

Na costa da Colômbia virada ao Pacífico - num lugar onde a paisagem luxuriante contrasta com uma pobreza extrema e o homem é uma migalha diante da força dos elementos - vive Damaris, uma negra com cerca de 40 anos que toda a vida quis ser mãe. A sua relação com o marido tornou-se, aliás, fria e turbulenta à medida que o casal foi sacrificando tudo o que tinha à obsessão de Damaris e, apesar disso, ela nunca conseguiu engravidar.

Mas a vida desta mulher frustrada parece encontrar uma réstia de esperança no dia em que adopta a última cadelinha de uma ninhada. Só que, tal como os filhos nem sempre correspondem às ambições que os pais têm para eles, Chirli também não será a cadela com que Damaris sonhou.


Esta é uma novela brilhante sobre a maternidade, a traição, a lealdade, a culpa, e também sobre a relação enigmática e por vezes excessiva entre os donos e os seus animais. Uma história narrada pela voz confiante e madura de uma escritora que viu o seu livro ser traduzido em mais de uma dezena de línguas e chegar à final do National Book Award nos EUA.

Críticas
«A magia deste romance reside na capacidade de abordar uma série de questões importantes enquanto parece estar sempre a falar de outras coisas. Que questões são essas? Violência, solidão, resiliência, crueldade. Os livros de Pilar Quintana maravilham-nos com a sua prosa desassombrada, acutilante, poderosa.» Juan Gabriel Vásquez

«Pilar Quintana descobre feridas que não sabíamos que tínhamos, realça a sua beleza e logo a seguir despeja nelas um punhado de sal.» Yuri Herrera

Sobre a autora:
Pilar Quintana (Cali, 1972) é uma das mais aplaudidas e lidas escritoras de toda a América Latina. Trabalhou como guionista de televisão e redatora de publicidade, mas teve também outras ocupações menos ligadas às letras, como ser terapeuta de jaguares, vender roupas ou passear cães. Foi escritora-convidada na Universidade do Iowa e participou no Workshop de Escritores Internacionais na Universidade Batista de Hong Kong. Foi ainda coautora do guião do filme Lavaperros, realizado por Carlos Moreno, que este ano venceu em Huelva o Prémio Manuel Barba da Associação de Imprensa para o melhor guião. Viajou por todo o mundo ao longo de três anos e instalou-se num vilarejo da costa do Pacífico, numa casa sem eletricidade nem água canalizada, donde partiu para Bogotá, onde agora reside. A Cadela representou um marco na sua carreira como escritora e foi o romance literário mais vendido na Colômbia nos últimos anos, tendo vencido o Prémio Biblioteca de Narrativa Colombiana. Pilar Quintana confessou numa entrevista tê-lo escrito de fio a pavio no telemóvel, enquanto amamentava o filho bebé.
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