Neste romance, Mark Haddon coloca dois irmãos (Richard e
Angela) e as suas respetivas famílias a passar uma semana de férias juntos numa
pequena casa no campo. Até aqui nada de especial, certo? Mas a verdade é que
estes dois irmãos mal se viram nos últimos 15 anos e pouco ou nada conversaram.
São na realidade dois estranhos que perderam a mãe há relativamente pouco
tempo. Talvez por isso Richard tenha achado por bem tentar uma aproximação e
convidar a sua irmã para estas férias em conjunto. O que acontece não é
certamente o que Richard esperava, mas era o mais natural de acontecer. Num
espaço pequeno e fechado, duas famílias já por si disfuncionais, acabam por
deixar vir ao de cima os seus problemas e revelam, quase sem dar por isso, o seu lado mais negro.
Julgo que a verdadeira riqueza deste livro é a forma como está
escrito. Somos apresentados a cada uma das personagens originalmente, sendo
cada capítulo relativo ao pensamentos e sentimentos de cada um. No entanto,
isso é exatamente aquilo que no algo que nos dificulta a entrada na leitura. Após
ultrapassar esse obstáculo, acabamos por apreciá-la. E é fascinante perceber e
ficar a conhecer uma personagem ao mesmo tempo que ela embarca numa viagem de
auto-descoberta.
Não é uma leitura fácil, mas é sem dúvida um livro muito
interessante que dará um ótimo tópico de discussão para um clube de leitura.
Deixou-me muito curiosa com este autor, Mark Haddon. Vou ver
se consigo ler o seu outro livro “O Estranho Caso do Cão Morto”.