Não é segredo nenhum que Jodi Picoult é uma das minhas
autoras favoritas. Li todos os livros que foram publicados em Portugal, e
devorei cada um deles com a mesma dedicação. É óbvio que tenho os meus
favoritos, mas gostei de todos eles, e todos, mas todos me ensinaram qualquer
coisa importante. Essa, é para mim, uma das principais características dos livros
de Jodi.
Ela tem a habilidade de nos contar uma história
aparentemente simples, mas que à medida que avançamos se revela bem mais
complexa do que esperávamos. Entretanto, aborda temas atuais e controversos,
que não nos deixam indiferentes, e nos faz querer tomar partido de um dos
lados. Ora de um, ora de outro. É incrível! Ela consegue mostrar imparcialmente ao contar a versão de cada um dos lados, de tal forma que nos faz andar a saltitar de opinião.
Em alguns livros, ela acrescenta às suas histórias um
tema de fundo não só interessante como fora do comum. Em "Tempo de Partir" foi o estudo dos elefantes e no "À Procura do Amor" o das
baleias-corcundas. Neste "Lobo Solitário", obviamente, o tema são os lobos, como funciona o seu universo e como afinal de contas, não são assim tão
diferentes de nós. Ou nós, deles.
No "Lobo Solitário", Jodi atira-nos para as mãos mais um tema
tabu: a quem deve ser dado o direito de escolher desligar o suporte vital de
Luke, um homem com uma vida profissional extraordinária, dedicada por completo
ao estudo dos lobos, e uma vida familiar não tão bem sucedida.
Ao contrário de Portugal, pelo menos até há pouco tempo,
caso não haja um Testamento Vital, é à equipa médica que cabe a decisão de desligar ou não as máquinas no caso de
morte cerebral. Nos E.U.A. é a família mais próxima.
Num dos lados do ringue temos então Cara, a filha mais nova, com
17 anos e 9 meses, a três meses de ter o direito a opinar sobre o assunto, e que
vive há já quatro anos com o pai.
Do outro lado está Edward, o filho mais velho de Luke, que
abandonou a família assim que fez 18 anos após uma discussão com o pai, cujo
teor se desconhece.
Para dar um sabor algo agridoce ao enredo, a autora
acrescenta Georgie, a mãe de Cara e de Edward, que entretanto, depois do
divórcio com Luke há alguns anos, tem uma nova família: um marido, Joe, que vem
a ser o advogado de Edward, e dois filhos pequenos – gémeos.
Preparadas as personagens, começa a batalha. E que batalha! As
verdades que vêm ao de cima, tendo estado escondidas durante tantos anos, vão abanar
os frágeis alicerces sobre os quais haviam sido construídas as vidas dos
envolvidos. Até nós, leitores, a certa altura nos sentimos abalados, sem saber
para que lado nos havemos de virar. As palavras não verbalizadas como culpa,
ressentimento, lealdade, força e amor, ecoam em nós, levando-nos a meditar sobre as
nossas próprias vidas.
Já dizia Voltaire, “A pena é mais poderosa que a espada”.
Jodi
Picoult atinge-nos onde nem sequer sabíamos que doía.
Em suma, mais um livro simplesmente arrebatador desta autora
que nunca nos desilude.
P.S. Não podia deixar de falar sobre o tema de fundo, os
lobos, pois fiquei tão rendida com o que aprendi, que me deu muita vontade de
conhecer melhor essas criaturas tão fascinantes.
Jodi teve uma boa ajuda para
poder aprofundar este tema e criar uma personagem tão interessante como Luke - Shaun
Ellis, que dedicou a sua vida ao estudo dos lobos, e que criou “The Wolf Centre
and Foundation” onde continua a trabalhar para compreender melhor os lobos e o
seu comportamento.
Para saber mais sobre este assunto e conhecer melhor o
homem-lobo, Shaun Ellis, visitem o site: http://www.thewolfcentreanddogeducationcentre.co.uk/
Para mais informações sobre o livro podem espreitar aqui ou visitar a página do mesmo no site da Bertrand » aqui.