Andei a adiar esta leitura durante algum tempo. Porquê?
Simplesmente porque, apesar de ser um tema que gosto de aprofundar, tudo o
que vem acontecendo por essa Europa fora me tem feito fugir para livros que
me levem para longe da realidade. E “O Livro de Aron” fala-nos de uma época de
horrores, que apesar de temporalmente longe, está ainda tão presente nos nossos
corações.
De qualquer das formas, foi ontem que decidi pegar neste
pequeno livro de 170 páginas. E li-o de uma assentada só.
Aron é um miúdo judeu que vive na Varsóvia de 1939. Pequeno
para os seus 9 anos, Aron tem alguns problemas de aprendizagem, o que o leva a refugiar-se nas asneiras que faz. Ele é um verdadeiro desordeiro. De tal forma que a sua família a colocou-lhe a alcunha de Sh'maya (= Deus
ouve), pois ao fazer disparates, eles avisavam-no de que Deus o estava a ouvir.
Mas é a voz de Aron que ouvimos ao ler esta história.
É pela sua mão que acompanhamos o isolamento e a separação a que são expostas as famílias judias da cidade de Varsóvia. É com ele e com a sua família que lutamos contra o tifo, que mata cada vez mais conhecidos; é com ele que tentamos fugir à praga dos piolhos, à falta de higiene, à falta de comida. Mas é aí, nesse Bairro Judeu, como ficou conhecido este gueto em Varsóvia, que a sua pequenez e malandrice se revelam como uma mais valia. Aron torna-se num contrabandista para poder ajudar a sua família a sobreviver.
Similar a tantas outras histórias sobre o Gueto de Varsóvia,
contadas na primeira pessoa ou não, verídicas ou inspiradas em personagens
reais, é importante que se perceba que, para mim, esta não foi apenas mais uma
história sobre este tópico tão difícil da Segunda Guerra Mundial. Esta é a
história de Aron. E sim, depois de terminar o livro, é a voz de Aron que
permanece em mim.
Um leitura difícil mas que recomendo sem hesitações.
Para mais informações podem visitar a página do livro no site da Editorial Presença » aqui.