"A Americana Que Queria Ser Rainha de Portugal" de Ana Anjos Mântua (opinião)

Numa altura em que tanto se fala de Trump e da América, o título deste livro chamou-
me mesmo à atenção!
"A Americana Que Queria Ser Rainha de Portugal"
A sério?!?!?
A sério. :)
Ana Anjos Mântua conseguiu reconstruir a vida de Nevada Hayes, uma americana que muitos rotularam de oportunista ou caçadora de fortunas, e que conseguiu subir na hierarquia social, tornando-se numa verdadeira socialite do séc. XIX.

Apreciei imenso a opção da autora em romancear a vida de Nevada. Ao invés de tornar o livro num relato algo maçudo, cheio de factos e datas, ela escreveu na primeira pessoa, tomando a liberdade de dotar de uma voz esta inusitada personagem, tornando a leitura muito mais agradável.

E quem foi realmente Nevada Stoody Hayes?
Filha de uns merceeiros do Ohio, desde cedo se revelou uma criança muito inteligente. Tão inteligente que percebeu que o seu futuro não passava por aquela pequena cidade onde tinha nascido e que apenas via a educação como uma forma de lhe fugir. E assim foi.

Alguns anos mais tarde, através dos conhecimentos que foi fazendo, Nevada casou-se com o seu primeiro marido, um inventor, com quem teve o seu primeiro e único filho, que abandonou ao divorciar-se do seu pai. Para mim, isto mostro logo à partida a figura que ela era. Casou no mesmo dia com um milionário americano de idade avançada, tornando-se, passado um ano, na viúva dos 10 milhões. Nevada virou-se então para a Europa. Tendo o dinheiro e a beleza, encarnou então a apetecível milionária que muitos títulos arruinados cobiçavam. Foi nessa época, em 1808, numa altura em que visitou Portugal, que Nevada, supostamente, conheceu D. Afonso de Bragança, irmão do Rei D. Carlos, e que ela afirma nunca ter esquecido. Tentando fugir aos caçadores de fortunas que a perseguiam Europa fora, casou novamente em 1909 com Philip Van Valkenburgh, um suposto milionário que afinal se revelou sem um tostão e de quem ela se divorciou pouco tempo depois.


Provando a sua ambição em ser detentora de um título da nobreza europeia, Nevada volta ao ataque, chegando mesmo a afirmar que não se venderia por um título de "condessa". Encontra-se novamente com D. Afonso, agora já em exílio, e consegue, após muitos entraves colocados pela família deste, casar morganaticamente tornando-se assim, em 1917, na Duquesa do Porto, princesa real de Portugal.

Para mim, Nevada não foi uma mulher que me inspire admiração. Apesar de muitíssimo bem humanizada pela mão de Ana Anjos Mântua, dá para perceber que foi uma mulher que se colocou sempre à frente dos outros, pelo que acho que D. Afonso, fragilizado como estava quando a encontrou pela segunda vez, deixou-se enrolar por este femme fatale. ;) Ainda bem que ele nunca teve de assumir o trono!

Foi uma leitura muitíssimo agradável, que envolve a nossa história de Portugal.
Gostei imenso!!
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