Não sou grande aficionada por este género de literatura - livros
com bolinha vermelha, como gosto de os apelidar. No entanto, foi-me lançado o
desafio (pela tradutora, Ana Saragoça) e como boa amiga que sou, aceitei. Continuo
a achar que dispensava certas passagens do livro, mas a verdade é que o seu
conjunto até está muito equilibrado.
A história está muito bem construída e a escrita desta autora é uma
verdadeira delicia. Nunca li nada dela, acho até que é o seu primeiro livro do género, mas acredito que deve ser uma pessoa muito divertida, já
que consegui intuir o seu sentido de humor por entre as linhas do livro. Para
ser honesta, até me diverti bastante. O humor sátiro que a autora utiliza em
determinadas cenas e para descrever certas personagens é deveras hilariante.
Soltei umas boas gargalhadas!
Depois há os locais. A primeira parte do livro passa-se na Inglaterra, numa pequena vila de província, e as descrições da autora facilmente nos transportam para aquele lugar e para aquela época. A surpresa foi o local escolhido para a segunda (e mais importante) parte do livro - os Açores. Acredito que a autora já esteve naqueles locais que tão bem descreve, de tal forma que, apesar da época ser diferente, nos levar sentir estar a respirar aquele maravilhoso e revigorante ar das ilhas portuguesas.
Repararam como a capa é lindíssima, com a imagem da ilha do Pico ao fundo?
Sobre as personagens, há que dizê-lo, são um pouco estereotipadas, mas na realidade, não assim que deve ser numa sátira? De todas, a personagem mais encantadora, que não poderia deixar de o ser, é Emily. Ela é a personagem mais trabalhada, mais rica, no sentido
de que partilha com o leitor os seus pensamentos, as suas ideias, as suas convicções. A meu ver deveria transparecer ter um temperamento mais resoluto, pois fica a parecer que se não tivesse tido a ajuda certa, ela não conseguiria romper com o destino que lhe era certo. Mas, felizmente, a sua estrela da sorte interveio e Emily conseguiu embarcar numa aventura rumo à liberdade. Claro
que, se retirássemos algumas das cenas com bolinha vermelha, deixaria de ser uma
história sobre a libertação sexual de uma jovem vitoriana e passaria a ser uma
história num tom mais feminista, sobre a libertação de uma mulher contra os preconceitos e amarras da sociedade inglesa do século XIX.
Acho até que Emily deixou as
portas abertas para uma segunda aventura. Gostava muito de continuar a
acompanhar a sua viagem até ao Canal do Suez... Esperemos que a autora também seja dessa opinião. 😉
No geral posso dizer que foi uma leitura que me surpreendeu
imenso, pela positiva! Uma história leve, divertida e com imensas surpresas, já
para não falar das cenas mais calientes.
Uma boa leitura para o verão que se aproxima!
Recomendo.