O enredo é fascinante. A autora apresenta-nos a história de
uma família francesa durante um período conturbado na Indochina francesa, mesmo
no início dos anos 50, quando o Cambodja lutava pela independência dos
franceses que obteve em 1953.
Nicole é uma jovem mestiça, filha de pai francês e de mãe
vietnamita que morreu ao dar à luz. Nicole herdou os traços vietnamitas da mãe,
ao passo que a sua irmã mais velha, Sylvie, herdou os franceses do pai. Toda a
história é-nos contada pela perspetiva da jovem Nicole, que se sente um pouco
baralhada relativamente à sua identidade. Por um lado, está cada vez mais
atraída por aquela terra e aquele povo que sente como seus, por outro, ama
profundamente a sua família, embora a façam sentir cada vez mais abandonada. A
relação com o pai não é fácil e com a irmã sempre foi conturbada. E mesmo a
condizer com o que se passa no interior de Nicole, a terra que considera como
sua está igualmente a passar por tempos difíceis. O povo, farto do domínio francês,
começa a juntar-se aos rebeldes e a guerra afinal não está tão longe quanto
aparentava. Nicole terá de fazer várias escolhas ao longo desta narrativa e nem todas serão as mais acertadas.
A escrita da autora proporciona uma leitura deveras
cativante. Quase conseguimos captar os aromas dos locais descritos, apreciar as
cores das flores e da natureza, assim como sentir o toque da seda nas nossas
mãos. Dinah Jeffries é sem dúvida uma excelente contadora de histórias e “A
Filha do Mercador de Seda” revelou-se um livro encantador que me conquistou e
que recomendo. Uma viagem maravilhosa por uma terra que não conhecia e que
tanto tem para partilhar.