“A Ilha das Mil Fontes” é o primeiro livro da Saga das
Caraíbas da escritora Sarah Lark. Fiquei fã desta autora quando li a Saga do
País da Nuvem Branca que aborda a história da Nova Zelândia, por isso fiquei
entusiasmada quando a Marcador decidiu publicar esta segunda saga. Uma coisa é
certa, ao ler Sarah Lark, para onde quer que vamos, temos uma maravilhosa viagem
garantida.
Quando comecei a ler os primeiros capítulos e percebi que a
ação apenas se desenrolava em Londres comecei a ficar apreensiva. Afinal, quase
me parecia um romance de época com uma jovem inglesa presa a uma paixão impossível,
mas que teimosamente e aproveitando uma ausência parental, foge para junto do
seu amado para cuidar dele no seu leito de morte. A sério. Comecei a lembrar-me
do Monte dos Vendavais e livros do género. Romances trágicos com um tom de
desespero que não suporto. Mas. Aliás, MAS (tem de ser em maiúsculas) foi uma
primeira parte do livro que se veio a revelar mesmo necessária. Tínhamos de saber
o que Nora experienciou nessa época, pois tudo se irá revelar como útil quando
finalmente ela ruma à Jamaica.
Depois de chegar à Jamaica a leitura muda de tom, talvez
com um certo ritmo caribenho, e é fácil apaixonarmo-nos pela ilha. A parte
histórica é preciosa e, uma vez mais, como no País da Nuvem Branca, Sarah Lark
conquista-nos ao personalizá-la. Adorei conhecer as plantações de cana do açúcar,
condoí-me com a vida dos escravos e a forma como eram tratados pelos seus bhakras.
Tal como Nora apaixonei-me por aquelas paisagens maravilhosas, cavalguei
livremente por praias desertas banhadas por um mar azul a perder de vista. A
partir de uma determinada altura os acontecimentos precipitam-se e a vida de Nora
e da plantação do seu marido dá uma grande reviravolta. Somos então
apresentados à parte mais selvagem da ilha onde vivem os quilombolas – os negros
livres, ou que fugiram das plantações. A história da Jamaica e o fim anunciado da
escravatura começa então a dar os primeiros passos e a autora baseia-se em
personagens reais, como a Rainha Nanny, para dar continuidade à sua história.
Adorei esta leitura e fico imensamente feliz por poder
continuar esta viagem pelas Caraíbas, saltando para a ilha de São Domingos ou Hispaniola.
É uma saga maravilhosa que recomendo a quem se quiser deixar arrebatar pela
escrita desta autora. Absolutamente fabulosa.