Por acaso comecei a escrever a opinião sobre este livro na semana passada, mas decidi deixar passar mais alguns dias para a publicar. E ainda bem que o fiz. É que no sábado, exatamente na Feira do Livro de Lisboa, ao pegar num exemplar deste livro para falar dele à amiga que estava comigo, fez-se luz. E acreditem, tive de ir rescrever partes desta opinião assim que cheguei a casa.
O livro divide-se em duas histórias:
Uma, em plena II Guerra Mundial, aborda a história de uma jovem holandesa, casada, que por pertencer à resistência é apanhada pelos nazis e enviada para um campo de concentração. Buchenwald não era um campo denominado de extermínio, mas, sim, de trabalhos forçados e de experiências médicas (experiências para testar vacinas e para reconverter os homossexuais). Neste campo, para além dos habituais bordéis dos nazis, havia igualmente um bordel para utilização dos prisioneiros de guerra que mais colaborassem.
Marijke, pela sua beleza, é escolhida para esse serviço. Lá, acaba por conhecer um alemão, de alta patente, que lhe facilita um pouco a vida e por quem ela sente algo mais do que deveria, deixando-a em luta consigo própria. Grande parte do livro aborda esta época histórica, quer através das palavras de Marijke (na Holanda), quer através de Karl (na Alemanha).
Quarto de bordel em Buchenwald |
A história de Marijke é apaixonante, e felizmente ocupa 2/3 do livro, isto porque a história de Luciano não me conquistou por aí além. Tive de conter a tentação de passar essas páginas à frente, pois as descrições das torturas eram demasiado vívidas para o meu gosto. Não que as do Holocausto não fossem... mas talvez já esteja mais habituada a lê-las, tantos são os livros com esse tema. Para além disso, passei o tempo todo a tentar perceber a ligação entre as duas histórias. Só no fim, e alguns dias depois, é que lá cheguei. Tive de reler algumas passagens, e finalmente tudo fez sentido.
As chamadas Mães da Praça de Maio a reivindicarem notícias sobre os 30.000 desaparecidos na Argentina entre 1976 e 1983. |