Desta vez a autora focou o seu interesse num problema que assola muitos lares por esse mundo fora: as drogas de prescrição. Não sei se é assim que se denominam, mas falo das drogas/comprimidos que são inicialmente prescritas por um médico, mas que o seu abuso causa dependência, podendo levar a uma escalada de utilização. Certamente já ouviram falar de Vicodin, Percocet, Oxicodona...
A personagem principal, Allison é casada e mãe de uma desafiante menina de 5 anos. Trabalha em casa - escreve num site para mulheres - e dá apoio aos seus pais, agora que o pai foi diagnosticado com Alzheimer. A vida de Allison, que à primeira vista parece quase perfeita, está na realidade longe de o ser. E nós, pela hábil mão da autora, vamos ficar a conhecer os podres de Allison, que cada vez mais contagiam, com o seu cheiro nauseabundo, a perfumada vida desta mãe dos subúrbios.
Este livro é uma viagem pela vida de Allison - com a própria Allison a nos conduzir, na primeira pessoa, pelo caminho da adição e a forma viveu à beira do abismo durante tanto tempo, quase a cair. Grande parte do livro é exatamente sobre o dia a dia de Allison e a forma como ela enveredou por este caminho, e a forma como a adição acabou por condicionar enormemente a sua vida, apesar de ela achar que não. O resto do livro é sobre a sua experiência numa clínica de reabilitação e a forma como ela conseguiu deixar esse vício que quase lhe destruiu a vida e a família.
Apesar de ser uma história fictícia, a autora fez bastante pesquisa sobre o tema, e talvez pela habilidade que tem ao escrever de forma tão vívida, conseguimos colocar-nos no lugar de Allison e pensar "podia ter acontecido comigo".
Gostei imenso e recomendo. É daqueles livros cuja história me virá à ideia com frequência.
Quanto a esta autora, aplaudo a Bertrand por estar a apostar nela, e espero que continue a publicar os seus livrinhos - que são tantos!! ;)