Opinião: "Os Testamentos" de Margaret Atwood

Quando terminei a leitura do primeiro livro  era minha intenção ler, assim que possível, o segundo, que ainda não estava publicado em português, mas que como se constatou, não tardaria. Quis o destino que o livro fosse publicado no mesmo mês em que o mundo parou, por causa de uma palavra diferente: pandemia. Foram tempos difíceis e inacreditáveis, mas nada comparado com o que agora atravessamos, novamente em confinamento, e com os números com que nos assustámos em Itália, a dizerem-se em português.

Por incrível que pareça, se há um ano o que se estava a passar no mundo me afastou dos livros, agora me aproxima deles, e ando a ler como há muito não o fazia.

Mas falemos de Os Testamentos. Apesar de ter sido escrito com um hiato de 32 anos da primeira edição do primeiro livro, é na realidade a continuação de A História de uma Serva, ou melhor dizendo, da história de Gilead, esse país formado com base em ideais extremistas, uma religião fundamentalista e um perfeito desrespeito pelos direitos humanos, principalmente das mulheres. 

No livro que aqui abordamos, a ação desenrola-se em dois tempos. O primeiro passa-se 15 anos após o final do primeiro livro e o segundo tempo passas-se em 2197, durante o 13.º Simpósio dos Estudos de Gilead, onde se analisam diários e registos de voz desse tempo, que ajudam a compreender o que aconteceu. No fundo a história é-nos contada a três vozes: a da segunda filha de June, se encontra em plena adolescência que foi criada em liberdade do Canadá; a voz de Agnes, a primeira filha de June, criada em Gilead e prestes a casar, e a de Tia Lydia, já no final da sua carreira como Tia, mas ainda a controlar tudo e todos.


É sem dúvida uma história fascinante esta que Margaret Atwood nos conta. Parece que mantemos a respiração em suspenso desde que começamos a ler até chegarmos ao último parágrafo. A forma como Atwood nos envolve na história, nos desafia, nos agonia e depois nos conquista, é fenomenal. Gostava de experimentar outras histórias dela. Tenho de investigar. ;)

Bem diferente do primeiro livro, ou afinal não tivesse sido escrito com tanto tempo de diferença, é o final perfeito para esta saga que tanto me revoltou como fascinou. Sei que houve quem não gostasse, mas sinceramente, acho que se deveu à expectativa criada. Eu adorei! E recomendo sem hesitações!

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