A forma como a história está contada é algo original. Existem duas linhas temporais (até aqui, nada de novo), mas uma segue para a frente e a outra para trás. Parece confuso, dito assim. Mas não é. Acaba até por ser muito interessante, e a meu ver contribui para o aumento da intensidade da curiosidade do leitor.
A família que nos é apresentada neste livro aparenta uma normalidade algo estranha. Age como se fosse normal, mas quem os vê apercebe-se de imediato que há algo que não bate certo. Os pais parecem não tomar bem conta dos filhos. São sem dúvida uma família disfuncional, com abuso, violência e, estranhamente, também amor.
Alex Schulman escreve de uma forma bastante realista, pelo que é de desconfiar que poderá ter-se baseado em experiências próprias. A forma como ele transmite o medo de uma criança, é arrepiante. Como não conheço a sua escrita não vos sei dizer se escreve com conhecimento de causa, ou se apenas consegue transmitir os sentimentos infantis muito bem.
Ao fim e ao cabo é uma história um estranha, sobre uma família danificada por um evento. Não é uma leitura feliz - tem a habitual densa sombra negra sueca a rodear toda a ação. Mas está muito bem escrito, e toca nas teclas certas, no momento certo. Acabou por ser uma experiência algo intensa e interessante. Gostei.