Opinião: "Uma Porta Estreita" de Joanne Harris

Tinha tantas saudades de ler esta autora! Ela tem uma escrita muito característica, por vezes um pouco difícil de entrar, mas brilhante. Quem tenta e pensa em desistir, que insista mais um pouco, pois chega uma altura em que se dá um clique e a leitura flui. 

Bem, apesar deste livro fazer parte de uma trilogia - Xeque ao Rei (1), Uma Questão de Classe (2), Uma Porta Estreita (3) -  li-o como se fosse uma história independente. Confesso que não gostei muito desses dois primeiros livros. Li-os, mas não sou grande fã de histórias que se desenrolem em colégios internos exclusivamente masculinos. No entanto, este último chamou-me logo a atenção, exatamente por se revelar um corte vertical nessa tradição, onde, pela primeira vez em St Oswald, uma mulher é eleita reitora e as portas se abrem à classe feminina. 

Mas os segredos do passado acabam por se imiscuir nas mudanças do presente, e aos poucos, através de uma conversa entre dois polos opostos - a reitora Rebecca e um dos docentes mais antigos, Roy - vamos sabendo de tudo.

Que livraço! A história está muitíssimo bem explorada e a sua narração ocorre como se estivéssemos a descascar uma cebola. São camadas sobre camadas, que revelam e encobrem, segredos escondidos há mais de 30 anos, memórias colapsadas, voltas e reviravoltas que nos levam aos poucos à revelação final. Sem dúvida, Joanne Harris no seu melhor.

P.S. Adorei o título. Representa tão bem o que por vezes temos de passar, quando tentamos entrar num mundo exclusivo da classe masculina. Infelizmente, um tema ainda atual.

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