Opinião: "Quem Sai aos Seus" de Liane Moriarty

Bem, quem já leu mais do que um livro de Liane Moriarty sabe que a autora é perita em esmiuçar as relações interpessoais das suas personagens. Mais do que nos contar uma história, ela apresenta-nos um grupo de pessoas com um problema comum, e depois fragmenta-as até à mais pequena célula, ao mesmo tempo que nos indica a saída desse labirinto emocional.

Neste livro, quase me pareceu tudo muito mais intenso. Talvez porque esse grupo de pessoas é basicamente uma família: um pai, uma mãe e quatro irmãos -  dois rapazes e duas raparigas. A altura da vida em que os encontramos, já muito aconteceu entre eles. Os pais acabaram de se reformar, ou melhor dizendo, venderam a sua escola de ténis, e as "crianças" são já crescidos adultos, com os seus problemas e convicções. O ténis esteve sempre presente nas suas vidas. Mais ou menos do que desejariam, dependendo de quem se fala.

A autora descreve admiravelmente a dinâmica familiar desta família, tão comum a tantas outras. As complexas relações de amor-ódio, as mágoas que não se esquecem, as falhas na parentalidade, os ciúmes entre irmãos, tudo extremamente bem definido e relatado, que nos leva a compreender intimamente cada uma das personagens principais.

O enredo anda à volta do desaparecimento da mãe. E claro, quando o pai é considerado suspeito pela polícia, todos tomam as suas posições. 

É uma história que alguns poderão achar um pouco cansativa, pois o tema anda sempre à volta do mesmo, e na realidade não há grande desenvolvimento do mistério até aos últimos capítulos. Mas para quem gosta de vasculhar as mentes alheias, ou tem um gosto especial em psicologia ou sociologia, este livro é um verdadeiro jackpot.

Gostei imenso, e desde que lhe peguei foi difícil de o pousar. Recomendo! Fico curiosa se também irá ser adaptado ao pequeno écran como foi o Pequenas Grandes Mentiras. ;)

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