A minha opinião:
Foi uma leitura de puro deleite!! Esta é realmente uma das minhas autoras favoritas.
Tal como praticamente todos os outros que li dela, este é também um verdadeiro épico arrebatador do primeiro ao último instante.
A narrativa começa em 1915 e termina em 1969, tendo como pano de fundo o grande continente Australiano, mas esticando-se também pela Europa, e abrangendo um sem número de acontecimentos como a Grande Depressão de 1929, a II Guerra Mundial e outras situações mais localizadas.
Ficamos também a conhecer em pormenor a grande Austrália, terra natal desta nossa autora, e sem dúvida local predominante nos seus livros. Na verdade a evolução deste país está de tal forma bem documentada neste livro que quase podemos considerá-lo como mais uma personagem, tão volúvel, terrível, generosa e apaixonante que esta terra se nos apresenta.
A história da família Cleary é relatada de uma forma cativante e apaixonante e ao longo de três gerações são-nos apresentadas personagens ricas e fascinantes, que nos envolvem de tal forma na sua história que se torna complicado interromper a leitura. Os seus dilemas, os seus problemas, as suas dúvidas e as suas dores são tão reais que quase nos sentimos impelidos a ajudá-los.
O envolvimento de duas dessas personagens acabam por ser o ponto central da história, à volta do qual tudo acontece e deriva: Meggie Cleary e Ralph de Bricassart. Mas ao fim e ao cabo, esse envolvimento não é mais que uma simples pedra num charco, que ao originar grandes e diversos círculos acaba por ser remetida para segundo plano.
Este livro deu origem a uma mini-série televisiva do mesmo nome, apresentada em Portugal nos anos 80, e eu tenho recordações dessa série. Não me lembrava exactamente da história mas tinha uma ideia geral. Foi muito agradável poder visualizar o Ralph de Bricassart como o belo Richard Chamberlain e confesso que me maravilhei ao regurgitar da minha memória certos e determinados cenários em que a série se manteve fiel ao livro.
É uma leitura que recomendo. Sem dúvida alguma que merece as minhas 5*!
Nota 1: A edição que eu li é a da revista Sábado, pelo que as 618 páginas da edição da Difel estão condensadas em 200 e tal. Não recomendo, pois torna-se fisicamente cansativo para a nossa vista.
Sinopse:
Pássaros Feridos é a saga vigorosa e romântica de uma família singular, os Clearys. Começa no princípio deste século, quando Paddy Cleary leva a mulher, Fiona e os sete filhos do casal para Drogheda, vasta fazenda de criação de carneiros, propriedade da irmã mais velha, viúva autoritária e sem filhos; e termina mais de meio século depois, quando a única sobrevivente da terceira geração, a brilhante actriz Justine O’ Neill, muitos meridianos longe das suas raízes, começa a viver o seu grande amor.
Personagens maravilhosas povoam este livro: o forte e delicado Paddy, que esconde uma recordação muito íntima; a zelosa Fiona, que se recusa a dar amor porque este, um dia, a traiu; o violento e atormentado Frank e os outros filhos do casal Cleary, que trabalham de sol a sol e dedicam a Drogheda a energia e devoção que a maioria dos homens destina às mulheres; Meggie, Ralph e os filhos de Meggie, Justine e Dane. E a própria terra: nua, inflexível nas suas florações, presa de ciclos gigantescos de secas e cheias, rica quando a natureza é generosa, imprevisível como nenhum outro sítio na terra.