Os livros de Ceilia Ahern são uma verdadeira caixinha de surpresas. Já li quase todos os que foram publicados em Portugal e confesso que todos eles me conquistaram.
Por norma não são livros de leitura fácil, e este não fugiu à regra. Quase que me atrevo a dizer que é inicialmente confuso, mas na verdade não o é. A dita "confusão" inicial acaba por se ir esclarecendo à medida que entramos na história, e às duas por três sentimo-nos tão envolvidos no enredo que é a custo que conseguimos pousar o livro sem deslindar todo o mistério.
Gostei imenso e recomendo-o a quem gosta de histórias que puxam pela nossa imaginação e nos leva a dizer "E se fosse verdade?".
Deixo aqui um pedacinho que encerra uma grande verdade e me tocou especialmente:
Pág. 221 / 222
«Penso no Connor e em mim, na rapidez com que um momento de amor se transformou num momento de ódio. Em como bastou um comentário para destruir tudo. Em como o amor e a a guerra assentam nos mesmo alicerces. Em como, ao enfrentar os meus piores momentos, as alturas que sinto mais medo, estes se transformam nos meus momentos de maior coragem. Quando nos sentimos mais fracos é quando acabamos por demonstrar mais força, quando estamos no fundo do poço e somos elevados a alturas que nunca atingiríamos. Todos estes momentos e sentimentos confinam uns com os outros, são opostos que rapidamente podem mudar. O desespero pode desaparecer com o simples sorriso de um estranho, a confiança pode transformar-se em medo com a chegada de uma presença incómoda. (...) Tudo está no limite, sempre à tona da superfície, basta um ligeiro abanão, um tremor, para que a derrocada aconteça. E as emoções são muito semelhantes.»
(Um grande obrigada a uma querida amiga que me ofereceu este livro pelos meus anos! Tu sabes mesmo o que eu gosto de ler. :)
Sinopse:
Filha do ex-primeiro-ministro irlandês, a autora bestseller Cecelia Ahern é, tal como afirma o The Irish Times «a rainha do conto de fadas moderno». Prova disso é que Ahern reforça neste novo livro - Obrigada Pelas Recordações - um jogo entre a imaginação e a realidade. Como é possível conhecermos os pensamentos e sentimentos de uma pessoa com quem nunca sequer nos cruzámos? Foi esta a experiência vivida pela irlandesa Joyce Conway, a narradora, depois de ter tido alta do hospital na sequência de um grave acidente de viação. Um livro caracterizado por uma linguagem simples, acessível e divertida.