"O Trompete de Miles Davis" de Francisco Duarte Azevedo

Este é um livro para ser lido com uma banda sonora de fundo. Há livros que têm mesmo de ser assim. Não há nada a fazer. A leitura puxa-nos para isso, e mesmo que nos seja impossível coincidir a leitura com a audição de um cd, na nossa mente vamos ouvindo a trilha que nos é mais familiar e que se aplica perfeitamente com a história que lemos. Qualquer coisa deste género…

("Summertime" por Miles Davis - 1958)

E aí sim, entramos livro a dentro e viajamos pelas palavras do autor, ao ritmo da música que ouvimos.
Nunca tinha lido nada de Francisco Duarte Azevedo, que embora seja este o seu primeiro romance, é um colaborador assíduo de diversas publicações.
Encontrei neste livro de capa fora do normal, uma história quase banal, mas escrita de uma forma interessante e picotada por um humor especial.
É sem dúvida um policial diferente, escrito num tom muito introspectivo, que por vezes se afasta da história principal, mas que me cativou principalmente pelo envolvimento da comunidade portuguesa nos E.U.A. Afinal de contas o detective que tenta descobrir o mistério do desaparecimento do trompete de Miles Davis é um português.
Foi, salvo erro, o primeiro romance que li que engloba uma dessas comunidades portuguesas, talvez a maior nos E.U.A., e tenho pena que não existam mais livros assim.


Sinopse:
O trompete verde de Miles Davis, em exposição na biblioteca da universidade de Rutgers, em Newark,é roubado, sem se perceber exactamente como foi possível.
Um detective português emigrado nos EUA, que trabalha por conta própria em pequenos casos de infidelidade, traições e divórcios é colocado na pista do trompete pelo seu amigo, o reitor da universidade, mas não se sente nada à vontade fora da sua rotina. Grande amante de jazz, resquícios de uma mulher americana com quem viveu e lhe incutiu essa paixão, e também grande amante de livros e livrarias: vai recorrentemente à Barnes & Noble para pensar no caso e acalmar a olhar para as lombadas. Na agência, tem dois assistentes a trabalhar consigo: uma mulher/secretária e um ajudante/ fotógrafo que deixa bastante a dever à inteligência. urante a investigação, este detective português (que desmaia quando vê cadáveres) vai-nos conduzindo pelos pontos de encontro da comunidade portuguesa de Newark e seus habitantes. Guia-nos também pela realidade social de Newark e de Nova Iorque, como por um território de guerra declarada entre os gangues que dominam a cidade e a própria polícia e forças políticas das cidades, os problemas e dramas dos emigrantes ilegais à mercê destas máfias. Estão também retratadas a beleza e a podridão da Grande Maçã e das cidades satélites do outro lado do rio Hudson, onde se desenha uma geografia concreta da emigração e da comunidade portuguesa em particular.


Sobre o autor:
Francisco Duarte Azevedo nasceu em Moçambique. É diplomata de carreira, tendo cumprido missões em África e nas Américas. Tem colaboração dispersa na “Página Jovem” do Notícias da Beira (Moçambique), na revista Vértice, nos Cadernos de Literatura da Universidade de Coimbra, nas revistas O Instituto e Gávea-Brown, no Jornal Luso-Americano e noutras publicações.


O Trompete de Miles Davis é o seu primeiro romance.


Para saber mais sobre o autor, visite a sua página oficial: http://www.franciscoazevedo.com/
Em www.bertrand.pt

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