Na verdade o livro divide-se em duas partes: uma primeira parte dedicada à vida de Hind Husseini, uma mulher notável que começou por salvar 55 orfãos do massacre de Deir Yassin, acabando por transformar a mansão do seu avó num orfanato e dedicando a sua vida à educação de crianças vindas de toda a Palestina. Hind foi na verdade uma fonte de inspiração para a autora, ou melhor dizendo para Miral, a protagonista da segunda parte deste livro, e à volta de quem toda a história gira.
Ao acompanharmos a vida de Miral, desde a tenra idade de 7 anos, altura em que perdeu a mãe e entrou com a sua irmã para o orfanato de Hind Husseini (Dar El-Tifel), conseguimos entender profundamente como era a vida em Israel sob o ponto de vista palestiano. Pelo relato apaixonante da sua vida, das suas convicções e pensamentos, conseguimos perceber a escolha que está na mão de todos os palestianianos, entre a luta pacífica e a luta armada. Mas conseguimos também sentir que por vezes essa escolha é condicionada, ao local onde uma criança cresce, a quem lhe dá a educação, às suas oportunidades de vida. Miral, ou melhor dizendo Rula pode-se dizer muito afortunada...
Foi uma leitura muitíssimo interessante, diria até mesmo apaixonante, que me ajudou a compreender um pouco mais estes conflitos aparentemente sem sentido que condicionam a vida no Médio Oriente.
Um livro que sem dúvida recomendo.
Para saber um pouco mais sobre este livro e sobre a autora podem ver aqui ou no site da Editorial Presença.