«Os livros conservam nas suas páginas a sabedoria de quem as
escreveu. Os livros nunca perdem a memória.» Pág. 80
Há livros que são difíceis de ler. Porque encerram verdades
tão horríveis que até nos queremos questionar se terão mesmo sido realidade,
quando sabemos bem que sim.
Mas são livros que têm de ser lidos, para que a leviandade e
o horror que ela provocou, nunca se esqueça.
Em maio de 1933, poucos meses depois da chegada de Hitler ao
poder, houve por toda a Alemanha uma queima generalizada de livros, como parte
do projeto de nazificar a cultura.
Não tardou a que se confirmasse o que poeta Heinrich Heine dizia:
"Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas."
Em breve todos os livros, e qualquer outro tipo de cultura,
seriam proibidos para os judeus, ciganos, e outras minorias étnicas, retirando-lhes
a possibilidade de fuga ou refúgio mental quando se viram perante os efeitos da segregação.
«Ler um livro é como entrar para um comboio que nos leva de
férias.» Pág. 102
Para mim era impensável que tivesse existido uma biblioteca
em Auschwitz. Mas a verdade, e como muito bem este livro o prova, é que
existiu.
A biblioteca era composta por oito livros de papel e meia dúzia
de livros vivos (pessoas que sabiam os livros de cor e os narravam para os seus
“leitores”), e durante os seus incríveis seis meses de existência nas mãos de Dita
Adlerova, foi certamente o alívio de muitos.
Esta é uma história quase inacreditável da força de vontade de
uma menina, que sem dúvida conquistará todos os que a lerem.
Mas preparem-se, pois se passagens menos boas vos trarão lágrimas
aos olhos, passagens melhores também terão o mesmo efeito.
Uma leitura à qual não ficarão indiferentes, e uma homenagem
maravilhosa a todos os que acreditam no poder que os livros têm.
Dita Adlerova fez certamente a diferença para muita gente.
«O papá tinha razão. Aquele livro levou-me mais longe do que
qualquer par de sapatos.» Pág. 102