Opinião: "A Lista dos meus Desejos" de Grégoire Delacourt

Conhecem Miguel Araújo (o da música Os Maridos das Outras)? Ele tem uma outra música que me veio à ideia assim que comecei a entrar na história deste livro. Se não conhecem aconselho-vos a procurar e a ouvi-la. A letra é absolutamente deliciosa. Aqui a partilho:

«Eu quero a vida pacata que acata o destino sem desatino
Sem birra nem mossa, que só coça quando lhe dá
comichão
À frente uma estrada, não muito encurvada,
atrás a carroça
grande e grossa que eu possa arrastar sem fazer pó no
chão
e já agora a gravata, com o nó que me ata bem o
pescoço
para que o alvoroço, o tremoço e o almoço demorem a
entrar
quero ter um sofá e no peito um crachá, quero ser
funcionário
com cargo honorário e carga de horário e um ponto a
picar.

Vou dizer que sim, ser assim assim, assinar a Reader’s
Digest
haja este sonho que desde rebento acalento em mim
ter mulher fiel, filhos, fado, anel, e lua de mel em França
abrandando a dança, descansado até ao fim

Quero ter um T1, ter um cão e um gato e um fato escuro,
barbear o rosto, pagar o imposto, disposto a tanto.
Quem sabe amiúde brindar à saúde com um copo de
vinho,
saudar o vizinho, acender uma vela ao santo.
Quero vida pacata, pataca, gravata, sapato barato
basta na boca uma sopa com pão, com cupão de desconto
emprego, sossego, renego o chamego e faço de conta
fato janota, quota na conta e a nota de conto.

Vou dizer que sim ser assim assim assinar a Reader’s
Digest
haja este sonho que desde rebento acalento em mim
ter mulher fiel, filhos, fado, anel, e lua de mel em
França
abrandando a dança, descansado até ao fim.»

Bem, isto para dizer que uma vida simples e pacata é para muitos de nós o suficiente para sermos felizes.
O que neste livro de Grégoire Delacourt se aborda é a diferença entre uma vida simples e pacata em comparação com uma vida diferente, desafogada, sem grandes desafios, e os bolsos recheados de 18 milhões de euros.
Muitos de nós já com toda a certeza sonhámos, “ai o que eu faria se ganhasse o euromilhões…” mas e o que aconteceria realmente à nossa vida? Seríamos felizes sem as pequenas batalhas que temos de ganhar diariamente? Conseguiríamos atingir aquele estado de alegria quando finalmente compramos algo que já há muito almejávamos e para o qual andámos a poupar? Seríamos vistos pelo que seríamos ou pelo que teríamos?
Gregoire Delacroux pega neste tema fascinante e cria uma história deliciosa sobre uma mulher simples, com uma vida pacata que ganha 18 milhões de euros de um dia para o outro. São fascinantes as suas considerações, e realistas as conclusões.

Mas a verdadeira pérola que é este livro, esconde-se por entre as letras pretas no papel branco. Escrito com uma delicadeza e harmonia entre palavras que é raro de encontrar, peca apenas pela sua pequenez, pois dava vontade de continuar a ler, e ler, e ler…
Um livro que recomendo sem hesitações!


Muito obrigada à Suma de Letras por esta publicação e parabéns pela encadernação. É um verdadeiro mimo!

Para mais informações sobre este livro podem espreitar aqui.
Em www.bertrand.pt

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