“A Menina
Que Fazia Nevar” é daqueles livros que demoram a digerir. Não é fácil escrever
sobre este tipo de livros, pois as palavras levam o seu tempo a desvanecer
deixando finalmente espaço para as nossas próprias palavras.
Antes
de tudo, fiquei fascinada com a escrita da autora. Com calma e ponderação ela
brinca com os conceitos, trocando-nos as voltas e os sentidos. Conta-nos uma
história do ponto de vista de Judith, uma menina de 10 anos que vive à sombra
do seu pai, um homem que por sua vez se esconde atrás de uma religião
fundamentalista, fugindo à tentação de viver.
Mas
Judith não é uma menina qualquer. Possuidora de uma grande imaginação, ela
aprendeu a refugiar-se da realidade num mundo que constroi aos poucos com pedaços do que os outros considerariam lixo. É nessa Terra de Leite e Mel que ela faz a Vida acontecer.
Mas nem sempre é possível fugirmos à realidade, como todos
nós bem sabemos, e mais cedo ou mais tarde ela acaba por nos apanhar… E
é isso mesmo que vem a acontecer com Judith e o seu pai e que nós testemunhamos nesta história.
Sendo
de igual forma uma crítica velada ao extremismo de qualquer religião, este
livro é também uma magnífica parábola para outros problemas sociais, como por
exemplo o bullying de que tantas crianças são vítimas.
“A
Menina Que Fazia Nevar” é um livro muitíssimo interessante, cuja leitura nos
incita à reflexão não nos permitindo abandoná-la de ânimo leve.
Recomendo.