Opinião: "A Menina Que Fazia Nevar" de Grace McCleen

“A Menina Que Fazia Nevar” é daqueles livros que demoram a digerir. Não é fácil escrever sobre este tipo de livros, pois as palavras levam o seu tempo a desvanecer deixando finalmente espaço para as nossas próprias palavras.

Antes de tudo, fiquei fascinada com a escrita da autora. Com calma e ponderação ela brinca com os conceitos, trocando-nos as voltas e os sentidos. Conta-nos uma história do ponto de vista de Judith, uma menina de 10 anos que vive à sombra do seu pai, um homem que por sua vez se esconde atrás de uma religião fundamentalista, fugindo à tentação de viver.
Mas Judith não é uma menina qualquer. Possuidora de uma grande imaginação, ela aprendeu a refugiar-se da realidade num mundo que constroi aos poucos com pedaços do que os outros considerariam lixo. É nessa Terra de Leite e Mel que ela faz a Vida acontecer.
Mas nem sempre é possível fugirmos à realidade, como todos nós bem sabemos, e mais cedo ou mais tarde ela acaba por nos apanhar… E é isso mesmo que vem a acontecer com Judith e o seu pai e que nós testemunhamos nesta história.

Sendo de igual forma uma crítica velada ao extremismo de qualquer religião, este livro é também uma magnífica parábola para outros problemas sociais, como por exemplo o bullying de que tantas crianças são vítimas.

“A Menina Que Fazia Nevar” é um livro muitíssimo interessante, cuja leitura nos incita à reflexão não nos permitindo abandoná-la de ânimo leve.

Recomendo.

Para mais informações podem espreitar aqui ou visitar a página do livro no site da Editorial Presença » aqui.
Em www.bertrand.pt

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