Este último livro de Susanna Tamaro é na realidade o
primeiro livro que escreveu. A autora que mais tarde viria a ser conhecida por “Vai
Onde te Leva o Coração” e que em tempos afirmou nunca ter pensado vir a ser
escritora, prova uma vez mais que esse dom que lhe sai da alma direto para a
folha do papel não poderia ficar fechado numa gaveta.
Esta é história sobre uma viagem encetada por um jovem de 25
anos em busca das suas raízes e está escrita no habitual tom melancólico e quase
poético que caracteriza a autora.
Mas esta não é uma busca qualquer de parentes há muito
perdidos ou da ligação de uma família a uma terra. Até porque não há. Esta é
uma procura de uma sensação de pertença, a busca de se sentir ligado a algo, de
deixar de caminhar distraído pela vida, e caminhar em si. Este jovem que
abandona Roma rumo a Illmitz na Áustria, encarna as dúvidas pelas quais talvez
a própria autora tenha passado quando escreveu este livro, sendo ela própria
apenas uma jovem de vinte e poucos anos. Mas isto é minha suposição, já que
quando escrevo textos meus acabo sempre por transpor algo que sinto.
Relativamente a “Sou um Clandestino”, não é das minhas obras
favoritas de Susanna Tamaro, mas é sem dúvida bela e muitíssimo bem escrita.
Algo que vou com toda a certeza apreciar reler quando estiver numa fase de
leituras mais melancólicas.
Um livro, que apesar de não ser poesia, terá sucesso junto dos que sentem uma especial
apetência por poesia introspetiva e um enredo com contornos e simbolismos algo densos.
P.S. Acho a capa lindíssima. :)
Para mais informações sobre este livro podem espreitar a página do mesmo no site da Presença » aqui.